terça-feira, 30 de junho de 2009

Desmentido oficial


Quem disse que não havia jacarandás em Sintra? Aqui fica o desmentido dessa notícia falsa e a sua prova fotográfica. Os proprietários da Quinta da Penalva, em São Pedro, têm a gentileza de manter portões por onde se pode espreitar e entre cujas barras cabem objectivas digitais. E deixam estas flores tardias permanecer caídas sob a copa, depois das chuvas pesadas de domingo, formando um lago lilás.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hitchcock em Sintra


Uma das candidatas favoritas ao prémio “Oportunidade Perdida de Sintra” é a casa do Alto do Sereno. A localização é das mais cenográficas, senão a mais cenográfica entre as que albergam edifícios particulares; mas a arquitectura deve ser a mais indigente das que por aqui se podem encontrar em construções comparáveis. Vê-se ao longe de muitos locais e, nessas circunstâncias, o enquadramento quase lhe permite fazer boa figura. No entanto, até há pouco tempo, era muito difícil ter uma boa visão de perto, coisa que não era de lamentar.


Há cinquenta anos, a Monografia de Mário de Azevedo Gomes tinha outra opinião: «...cabe fazer referência a esta construção acastelada, de data relativamente recente, mas que vai adquirindo rapidamente com a acção da intempérie aspecto vetusto, nada destoante. Claro que para isso concorre o estilo da própria construção, que (rara felicidade) se enquadra com bastante propriedade no tipo das mais antigas construções... Falecido o construtor, a propriedade inacabada está hoje em mãos de outrem...».
Será que a sua conclusão lhe piorou a aparência? Para nós, em qualquer caso, deverá dizer-se o que Verdi terá dito da sua ópera Alzira (outro caso de deslize numa constelação de obras primas): «Quella è proprio bruta».

Envolve esta casa o Pinhal do Sereno, uma das tapadas públicas de Sintra, logo à saída de São Pedro, encostada à Calçada da Pena. Há alguns meses a vegetação densa que aqui existia foi aparatosamente cortada e revelou uma encosta pouco atraente: um pinhal mais ou menos esquálido, retorcido pelos ventos de noroeste, entremeado por uns poucos carvalhos diminutos. Mas a grande surpresa foi a aparição lúgubre e desolada da casa do Alto do Sereno a poucos metros da Calçada, no lugar onde antes tão bem estava escondida. Olhando para cima lembramo-nos do Bates Motel e esperamos que atrás daquela sinistra janela do primeiro andar se balance na sua cadeira o cadáver embalsamado da mãe de Anthony Perkins, ou que ele próprio desça a ravina a voar direito a nós, de peruca grisalha e faca na mão.

domingo, 28 de junho de 2009

Açores em Sintra

Acordámos com uma manhã açoriana. O anticiclone parece estar com dificuldades de afirmação e, por isso, nada de calor confortável, céu azul e nortada à tarde. Há uma semana, secura africana. Hoje, é como se fossemos a décima ilha do arquipélago, que é coisa que achamos que não nos fica nada mal. Vinte graus, humidade elevada, cheiro a verão molhado e vapores que se soltam de todo o lado. Outubro costuma ter alguns dias assim, mas uma oportunidade destas à beira de Julho também sabe bem. E depois, há o sol a despontar na encosta do Castelo, num intervalo entre chuvadas.




sábado, 27 de junho de 2009

Um pouco mais de urbanismo, em tom amargo

Mais uma digressão fora de Sintra, ainda propósito de urbanismo e espaço público, em tom amargo. Há umas semanas, tínhamos recorrido aqui a uma imagem dos Olivais como ilustração de bairro lisboeta forte em arborização. Trata-se de um pedaço de cidade pensado e edificado há quase meio século é e é muito esclarecedor da evolução da nossa prática urbanística compará-lo com a intervenção recente no mesmo local. Veja-se, por exemplo, estas duas fotografias, captando dois espaços adjacentes:



Na primeira temos o modelo lançado em força na Europa a partir da década de vinte, mas que em Portugal só triunfa verdadeiramente trinta anos mais tarde. No grande projecto público de urbanização dos Olivais, houve uma parcela central que foi reservada à instalação de um Centro Cívico e que permaneceu desocupada até aos anos noventa. A administração da cidade decidiu então alterar o uso previsto e promover a ocupação que se vê na segunda fotografia, actualmente em fase de conclusão.

Qual é a diferença entre as duas imagens? Na primeira o urbanismo centra-se na ideia de valor social do solo e a administração pública vê-se a si própria como intérprete das necessidades da comunidade, enfatizando os espaços verdes, o equipamento público e a respiração entre os edifícios. Na segunda, a administração pública tornou-se um competidor agressivo no mundo dos negócios imobiliários. Por isso, cada metro tem de ser ocupado por usos com valor de mercado: o índice de construção na segunda imagem é, talvez, cinco vezes superior ao da primeira. Uma maior aproximação reforça o contraste:


No lado de baixo da rua a ocupação do urbanismo ideológico, do lado de cima da rua a ocupação do urbanismo especulativo. Em baixo, depois da faixa de rodagem, há estacionamento, depois uns quinze metros que incluem passeio e uma faixa verde arborizada e só depois os blocos de habitação. Em cima não há sequer estacionamento delimitado (os automóveis estão abusivamente estacionados) e o passeio sem árvores está nos mínimos regulamentares de dois metros e meio. Embaraça-nos muito que o lado pré-74 seja o de baixo. Quanto ao lado de cima, acaba de ser construído e leva-nos a perguntar se precisamos mesmo de pagar a existência de um serviço público de planeamento e gestão urbanística que não se distingue de qualquer tubarão imobiliário.

(Imagens 1 e 2 em Bing Maps, modo bird's eye; imagem 3 em Google Earth)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Desvio por Berlim


Recebemos de Berlim uma pequena história da Bauhaus, em banda desenhada, que a Berlim queremos agradecer. É também um bom pretexto para voltar a vaguear pela deslumbrante arborização pública dessa cidade. Há ligações fortes entre a Bauhaus e o urbanismo alemão da República de Weimar, que produziu admiráveis fragmentos de cidade. Entre estes, gostaríamos de olhar um pouco para um dos bairros berlinenses mais notáveis: Onkel Toms Hütte.

Imagem em Bing Maps (modo Bird's Eye)

No documentário “As Operações SAAL”, dedicado a este programa público de habitação influente mas de curta duração, lançado no verão extraordinário de 1974, é-nos contado um episódio divertido. Para justificar, aos seus futuros habitantes um tanto desconfiados, a cor forte combinada com branco escolhida para pintar as fachadas do Bairro da Bouça, no Porto, o arquitecto Siza Vieira declarou que se tratava de uma homenagem a Bruno Taut, um arquitecto alemão celebrizado na República de Weimar mas praticamente desconhecido em Portugal. Tempos mais tarde, numa visita de funcionários municipais hostis ao programa SAAL, houve comentários demolidores e expressões de desprezo e sobranceria face à cor e à sua utilização nos edifícios. Então, um habitante, provável antigo morador de uma barraca, terá explicado com superioridade erudita aos medíocres funcionários: «É uma homenagem ao arquitecto Bruno Taut

Bruno Taut, com Hugo Häring e Otto Rudolf Salvisberg, é autor do Waldsiedlung Onkel Toms Hütte – literalmente, um “bairro florestal”, construído no lugar de uma floresta, no sudoeste de Berlim, entre 1926 e 1932. Já então não era bem-vindo o avanço da cidade sobre a floresta, e estes urbanistas procuraram manter a máxima cobertura arbórea existente – pinheiros, em grande parte – complementando-a generosamente ao ponto de hoje, vistas do ar, as bandas de três pisos mostrarem as próprias coberturas meio submersas nas copas: a floresta parece triunfar sobre a edificação. No centro do bairro a estação de metro (canto inferior esquerdo na fotografia aérea), tornando-o, como aliás toda a cidade, bastante imune à automóvel-dependência.

O Waldsiedlung distingue-se pela qualidade do desenho urbano e arquitectónico, mas é a arborização que, para nós, é extraordinária: ao contrário do desenho superlativo, este tipo de abundância verde não tem paralelo no nosso país. As próprias políticas urbanas de Berlim a tal conduzem – por exemplo, operações urbanísticas que impliquem corte de árvores têm por obrigação garantir novas plantações, em local adequado, do triplo dos exemplares derrubados. Assim, estas imagens que para nós são tão exóticas não passam de retratos comuns de tantos outros folhosos bairros berlinenses que já aqui invejámos, como invejamos essa cultura urbana tão incondicionalmente amante das suas árvores.




Imagem 1, imagem 2 e imagem 3 em Flickr
Imagem 4 em Google Earth

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Rectificação dispensável


Afinal o Carvalho Maior de ontem deve estar mais próximo dos 32 m, acabámos de verificar com maior rigor, prolonga-se ainda alguns metros para baixo da linha visível. Eis uma informação de gente minudenta e obcecada que dificilmente justifica esta mensagem. Para compensar, pode dizer-se que hoje, finda a semana de canícula, voltou a névoa de fim de tarde à Serra, e que perto do pôr-do-sol o nosso Quercus robur se mostrou mais belo do que ontem. O Palácio da Pena diluído pesa-lhe menos nas ramagens e a escuridão sob a copa acrescenta-lhe mistério.

domingo, 21 de junho de 2009

O maior carvalho


É chegada a altura de assinalar a mais distinta árvore da Tapada [dos Bichos] e só tenho pena que não esteja em pleno Parque da Pena em sítio bem visível e em posição conspícua. Trata-se de um magnífico roble que fica muito perto da dita cancela, uns 42 m acima e quase sobre o muro. Está lamentavelmente oculto, quanto ao belo fuste, por árvores menores que o cercam (...). Mede: DAP 0,90 m e altura pelos 28 m; a projecção da copa (um pouco prejudicada) deve ir aos 15 m de diâmetro. Ora o [diâmetro do] melhor carvalho do Parque da Pena (...) é inferior ao deste. Estamos em presença de um caso raro e, como o aspecto vegetativo é razoável, esperemos que, de secular que é já com certeza, mantenha ainda a distinta árvore uma longa existência.

*

Esta é uma descrição de há meio século, escrita por Mário de Azevedo Gomes na sua Monografia do Parque da Pena (p. 313). A «dita cancela» de que fala é a que da Estrada da Pena dá acesso ao parque de estacionamento frente ao Portão dos Lagos. É assim muito fácil encontrar este carvalho, com o seu antipático enquadramento junto a uma casa de banho improvisada.

Decidimos medi-lo e descobrimos com emoção quanto cresceu nestes 50 anos: o diâmetro de 0,90 m saltou para 1,35 m, a altura situa-se agora nos 30 m e a projecção da copa, antes limitada a 15 m, alargou-se para 25 m.

É decerto o maior carvalho das Tapadas. Sabe-se que o Quercus robur é uma árvore da Europa temperada que tem em Portugal o seu limite meridional, e que no nosso país se fica pelo norte litoral mais chuvoso, concedendo-nos como especial favor a sua descida até Sintra. Podemos fantasiar que é o maior e mais poderoso entre os que se aventuraram até mais longe, dominando a fronteira sul do seu território. Não há dúvida que parece conseguir suportar nos seus ramos o próprio Palácio da Pena.


quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sem motivo


Pelo menos, sem outro motivo que não seja mostrar o encoberto Castelo dos Mouros, visto a partir de uma clareira recente da Tapada dos Bichos, num dos nossos típicos fins de tarde de verão.

terça-feira, 16 de junho de 2009

As conferências de Sintra



Estas são as duas primeiras páginas de um fac-símile oferecido no ciclo de conferências organizado pela Câmara Municipal de Sintra sobre «Coisas d’Árvores». A edição homenageia Mário de Azevedo Gomes e foi, originalmente, uma publicação dos «Livros do Povo – Noções de Tudo», de 1916. Num tom didáctico e com a dose suficiente daquela pronta consciência de inferioridade que por hábito nos caracteriza, ensina-se que não é bom o “...trato que a gente vê dar muitas vezes na nossa terra às árvores; mas já nos países mais adiantados em que o povo é mais instruído, e sabe distinguir melhor o que é fazer bem e o que é fazer mal, a árvore vai logrando de todos o respeito que merece.

As conferências – só pudemos assistir às três últimas – foram muito interessantes por mais do que uma razão. Os conferencistas eram conhecedores profundos dos assuntos que trataram e, melhor ainda, eram três vozes bem projectadas e três excelentes comunicadores. Que os serviços municipais responsáveis pela arborização pública local tenham organizado este ciclo com tal nível de oradores, para além de mais complementado por um conjunto de acções de formação dirigidas aos seus trabalhadores, é só por si uma óptima notícia, sobretudo tendo os intervalos sido acompanhados pela distribuição de queijadas frescas.

Naturalmente que ainda não recuperámos das podas, podas, e mais podas dos últimos meses, e que nos parece que a arborização pública tende aqui a ser débil e decadente, e a acção municipal errática. O que nos leva a outra faceta muito interessante destas conferências: o constante conflito entre arbofilia e arbofobia que tão bem revelaram.

Um dos conferencistas, António Fabião, referiu um inquérito feito aos lisboetas há uns anos, sobre a relação que mantinham com as suas árvores públicas, onde se concluiu que as árvores eram nominalmente muito amadas por todos, mas a maior parte não as queria ter à sua porta. É, em cheio, o “ódio aos arvoredos” de Alexandre Herculano, que invade as secretarias de presidentes e vereadores com queixas pelos prejuízos que os monstruosos vegetais infligem ao património privado de cada um e até à sua própria saúde – física e, provavelmente, mental. Ao ódio junta-se a ignorância que o pouco e mau contacto com a arborização urbana alimenta, levando muitos a acreditar que o mau tratamento das árvores públicas lhes é dispensado no seu melhor interesse.

Outra é a posição dos amantes de árvores, cujo afecto irracional e inexplicável vem acompanhado pela defesa informada da existência abundante de árvores, plantadas onde possam crescer, desenvolvendo-se livremente num território ordenado – como no Paraíso. Nestas conferências, o poder público estava a esforçar-se para propagar precisamente esta defesa informada. Mas é muito claro que a Câmara Municipal de Sintra emana dos próprios cidadãos que administra e que aqueles que em seu nome actuam partilham a ignorância e a sabedoria – o amor e o ódio também – que por toda a população se distribuem. Faz assim sentido o peso que teve a formação dentro dos próprios serviços, como faz sentido que grande parte dos participantes nas sessões públicas fosse feita de funcionários municipais, desde dirigentes técnicos a jardineiros, acompanhados por responsáveis políticos.

Agora, falta que esta vaga de esclarecimento se propague; que os fragmentados serviços locais se coordenem; que persistam no combate à ignorância, mesmo, ou mais ainda, nas suas próprias fileiras (o combate ao ódio será sempre coisa mais subtil); que a infeliz arborização dos espaços públicos de Sintra seja bem tratada e que planos de nova arborização façam tomar de verde os nossos largos, as nossas praças e as nossas ruas (não nos importamos que comecem pela nossa); enfim, que possamos dizer que está ultrapassada aquela lição antiga do livrinho de 1916.

sábado, 13 de junho de 2009

Cruz discreta


A origem do acaso que nos fez encontrar o Castanhal da Rainha foi esta cruz discreta, visível para os que olharem ao alto e à esquerda na estrada do Castelo para a Pena. Fosse pela luz adversa, pelo ângulo limitado ou pela distância, nunca conseguimos boas imagens a partir desse local. Mas se se entrar na Tapada do Inhaca e subir pelas franjas do castanhal às fragas mais altas a norte, depara-se de repente com a pequena cruz à nossa altura, iluminada por um raio de sol oportuno, sobre uma pedra musgosa de cabelo ruivo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As nossas zelkovas

Vieram do Japão, são populares em forma de bonsai, pertencem à família dos lódãos abundantes das cidades portuguesas e têm nome de patinadora medalhada de Leste – sempre podíamos chamar-lhes keyaki, como no arquipélago de onde vieram! A razão porque falamos delas é que há algumas décadas foi plantado um grupo vistoso – umas nove – em frente da entrada principal no Parque da Pena, já na oposta Tapada do Inhaca, encostadas ao muro. Os seus ramos devem ter crescido livremente sobre este troço da calçada até terem sofrido os cortes violentos cujas cicatrizes hoje se vêm.

Zelkova serrata: aqui está a folhagem de Abril verde pálida sobre o cinza castanho variegado dos troncos, e aqui o verde maduro de Junho. No Outono, em alguns ramos – só em alguns deles – as suas folhas contorno-de-serra enrubescem até rosa-verde. Nessa altura, esperamos trazer aqui de novo a keyaki-zelkova.



domingo, 7 de junho de 2009

A descoberta do Castanhal da Rainha


Descobrimos o Castanhal da Rainha na manhã de ontem. Tínhamos sabido da sua existência e conhecido o seu nome na Monografia – que era uma das pouco numerosas manchas de castanheiros das tapadas públicas, já há meio século feita de exemplares «velhos, elevados e de belo porte (...), um aspecto arbóreo que é dos mais estimáveis em pleno estio». Deve ter ficado moderadamente abandonado nas décadas seguintes e terá sido limpo há uns dois anos. Apesar de se situar tão à mão, encostado à estrada, entre as entradas do Castelo e da Pena, na Tapada do Inhaca (já aqui falámos do castanheiro infantil que aqui cresce), o castanhal do outro lado do muro não parecia ter interesse que merecesse deambulação prioritária. Ontem deu-se um acaso propício, entrámos e percebemos, ao avançar alguns metros para lá do silvado que recomeça a levantar-se, que estávamos enganados.

Após alguns dias de calor do deserto, as chuvadas fortes soltaram o cheiro mais intenso que a serra tem para oferecer. E como a folhagem está madura e não se vê ainda ponta da secura amarelada dos verões tardios, não há senão cor verde no chão e no céu. Para nós, entre todas as gradações de carácter que se encontra nos parques, o favorito é este desleixo suave, de bosque velho que não é visitado, mas não tão inóspito que nele não nos deixe entrar. E assim, enquanto um novo aguaceiro não nos afugentou, descobrimos o Castanhal da Rainha.



terça-feira, 2 de junho de 2009

Para os madrugadores de verão



Porque ainda não suavizámos a nossa ignorância meteorológica e porque as nossas rotinas não nos têm levado à Serra nas auroras de verão, parecia-nos que o mar de nuvens era coisa de cem em cem manhãs. Mas se na manhã quente de ontem tivéssemos saído de casa meia hora mais cedo, teríamos deparado com o mesmo espectáculo, e começamos a suspeitar de que se trata de um tesouro oferecido com alguma frequência aos madrugadores desta época do ano. Pelas sete e meia, no entanto, era tarde demais: o mar tinha-se quase dissipado no planalto do norte. Pelo contrário, do lado ocidental, onde há uns dias a Vila Velha permanecia invisível, o nível mais baixo permitia-lhe agora emergir nas franjas de uma névoa que se estendia até ao mar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

E agora uma coisa completamente diferente…


… os jacarandás do Largo do Carmo, em Lisboa! Sabemos que a inveja é um sentimento feio. Mas não é de inveja que se trata mas de admiração pela beleza (que não temos). De facto, no grande e cosmopolita mundo botânico de Sintra há uma pequena mas notória falta: jacarandás. Como os de Lisboa, como os da pequena (e belíssima) praça do Carmo que, todos os Maios, se transfiguram, exibindo, sem pudor nem modéstia, a sua irresistível beleza.

Uma beleza visual e aromática que, invadindo os nossos principais sentidos, se apodera da nossa alma. Uma beleza material que sentimos nas nossas mãos ou debaixo dos nossos pés ao agarrarmos ou pisarmos as pequenas flores que à medida que caem nos permitem, assim, descobrir a sua suave consistência e delicada oleosidade – que se agarra a nós.

Apontamento


Apenas um apontamento: uma imagem (retirada do maps.live.com) do local de que falávamos na última mensagem, junto da Estrada da Pena, na Tapadas dos Bichos, antes dos cortes. Para comparação.