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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Morcegos, morcegos

Imagem em Wikipedia

Quis o acaso que, após o Nosferatu, tivéssemos deparado com esta inspirada fotografia, no Beijo da Terra, sobre morcegos. Sublinha a notícia do Diário Digital onde, por sua vez, se relata a descoberta de uma colónia rara destes animais de nome eufónico numa mina de água da Regaleira. Há já algum tempo que procurávamos uma maneira de referir uma das estranhezas do princípio das noites de Verão. Temo-la encontrado em lugares pouco iluminados, no sopé da Calçada da Pena, por exemplo, ou entre o Miradouro da Vigia e o Caminho da Alba Longa, mas é decerto comum em milhares de outros lugares. O crepúsculo acorda estes voadores desvairados de expressão curiosa (ou assustadora) e lança-os em voo rasante sobre os caminhantes, dando por findo mais um passeio de fim de tarde.

Morcegos (do tipo assustador) foram o tema perfeito de dois poemas, inquietantes e algo sintrenses, que admiramos:

*

Não são as andorinhas, as que voltam
pois em Setembro desejam outros desejos.
Quando escurece a tarde já não amam
o enigma que em Junho contemplavam.

Esta dança de sombras é mais rápida,
em imperfeitos círculos e curvas.
Um voo alvoroçado ou insano,
o voo impiedoso dos morcegos.

*

O TÚNEL DA QUIMERA

Atravessar o túnel verde
onde se abriga o morcego
das feridas do dia.
Súbitos hiatos nas copas
tornam a estrada incerta.
Ora sombra ora lua,
um bosque rarefeito.
Pensar que ainda caminho
nos tempos da quimera,
não por estradas secas
mas por canais de ruído
das mil folhas silentes.
O morcego doendo-se
bem o vejo, tarde adiante
a perpassar sobre mim.
Os seus olhos são chagas
que não suportam a vida.


Fiama Hasse Pais Brandão,
Cenas Vivas