
Que bela é a Lagoa Azul – referimo-nos, claro, à da Serra de Sintra, não à de Champagne Bay, na República de Vanuatu, que, à mistura com pedaços da Jamaica e das Ilhas Fiji, serviu de cenário ao filme The Blue Lagoon, de 1980, e que, para o mal ou para o bem, atormentou a puberdade e adolescência de muitos de nós. A bela Lagoa Azul de Sintra não tem nem a Brooke Shields nem o Christopher Atkins – embora raros sejam os dias que não tragam até às suas margens candidatos à perpetuação da sua memória e legado, dispostos, para isso, a realizarem verdadeiros castings on location.
Mas a bela Lagoa Azul de Sintra tem agora uma espécie de cascata, trazida pelas chuvas quase intermináveis deste Inverno. Para a ver em todo o seu esplendor é necessário descer um caminho íngreme e escorregadio que, barranco abaixo e lado a lado com a estrada, leva-nos até à base do paredão que segura e retém até ao limite as águas que escorrem da serra. Aí, vários metros abaixo da superfície da lagoa, das suas margens densamente arborizadas, dos seus nevoeiros e da família de patos que tranquilamente vive a sua condição de estrelas oficiais deste cenário quase paradisíaco – e que muito têm visto ao longo das suas vidas – podemos reforçar a nossa quase crença de termos penetrado num outro território e viajado para uma outra latitude.



