A beleza plácida e paradisíaca da Lagoa Azul – quando vazia dos inúmeros turistas ou simples curiosos, dos pares românticos ou ocasionais, dos aprendizes de vudu e do lixo que quase todos deixam – foi perturbada pelo recente mau tempo.

Dois grandes e belos pinheiros precipitaram-se no solo quando as terras empapadas em água se tornaram incapazes de os segurar. Um logo à entrada, naquela espécie de hall ou terreiro pouco paradisíaco e o outro, o tridente (com os seus três troncos que cresceram a partir da base e que os cozinheiros que se querem na moda apelidariam, provavelmente, de trilogia de pinus), na margem privilegiada, de frente para a Cruz Alta da Penha Longa.

Caídos, eles recordam-nos o que habitualmente gostamos de esquecer: não há paraísos imperturbáveis; o que, se calhar, apenas quer dizer que não há paraísos – a não ser, claro, os irremediavelmente perdidos. Mesmo que, à pequena escala e grande perfeição da Lagoa Azul da Serra de Sintra, quase acreditemos no contrário. Sobretudo agora que o som da cascata e dos múltiplos ribeiros e riachos ecoa pelas margens da lagoa – e que desaparecerá com o fim deste perturbado Inverno.