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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Colosso de Terras Secas



Os carvalhos deste blogue têm pendido para o alvarinho - Quercus robur, como os que dominam a Pena. Já este, que está perigosamente pendurado no Parque das Merendas, perto da estrada, parece-nos um cerquinho - Quercus faginea, versão de Inverno e versão de Verão. Um colosso de terras mais secas que decidiu viver em ares húmidos e se tem dado bem.

domingo, 11 de julho de 2010

A Propósito de Infestantes (II)


Começámos por confessar o prazer culpado que nos dão algumas acácias de Sintra. Em intensidade de culpa, logo após as acácias vêm os pitósporos, denominação desagradável que se presta bem a árvores virulentas e usurpadoras. Se quisermos ser menos severos podemos recorrer ao mais suave nome Pittosporum undulatum, ou melhor ainda, ao insinuante “árvore-do-incenso”. O abandono das matas ao longo da Estada da Pena foi fazendo com que, em muitos troços, estas folhas onduladas e lustrosas suplantassem todas as outras. Sem árvores-do-incenso pouco restaria das sombras desta estrada, que se tornaria assim noutro caminho através da estepe, como os que agora há mais acima, onde a luta contra as infestantes é mais aguerrida.

Um dos nossos momentos preferidos da Estrada da Pena, por exemplo, aquele da curva apertada e do muro alto que suporta a encosta, logo acima da entrada para a Azinhaga do Vale dos Anjos, não seria nada sem a infestação dos pitósporos ondulados do incenso:


Mas há outra loa a cantar às árvores-do-incenso: Nos primeiros dias mornos de Abril, quando o sol se põe, desce da Serra um cheiro forte que anuncia a primeira primavera a todos os que desembarcam em Sintra. Durante anos, achámos que era apenas o cheiro das boas noites sintrenses nessa época eufórica. Mas é mais que isso, é o cheiro açucarado irresistível destas infestantes que ameaçam devorar o nosso éden.


domingo, 16 de maio de 2010

De Regresso

Perturbações extraordinárias da atmosfera local afastaram-nos de Sintra e do mundo virtual durante vinte e três dias. Vamos regressar, aterrando suavemente nos musgos e ervas da Serra:

Musgo sobre um muro na Estrada da Pena


Musgo sobre uma rocha na Calçada da Pena


Parede verde perto do Miradouro da Vigia


Tronco guarnecido de um Acer pseudoplatanus na Tapada do Inhaca

sábado, 21 de novembro de 2009

Zelkovas ruborescidas


Em Junho andámos embasbacados com a luz juvenil das zelkovas - as keyaki japonesas - na entrada da Pena. Agora, chegados ao auge da sua coloração rosa-verde rosa-encarnada, não nos devemos deixar abater pelos fios eléctricos que atravessam as copas, nem pela multidão de automóveis e autocarros da hora de ponta turística. Há sempre um ramo ruborescido que consegue escapar ao ruído para se mostrar aos seus admiradores.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Pena do outro lado do espelho

Imagem em culture.gouv.fr

Em 1897, com 44 anos, o conde Henri de Lestrange visitou Portugal e fotografou a Pena. Com a mesma idade mas 112 anos mais tarde, encontrámos nós a sua fotografia pesquisando “Sintra” na Europeana. Durante algum tempo olhámo-la desorientados, procurando na memória um local onde pudesse ter sido captada. Após alguns círculos mentais em torno do Palácio, tornou-se evidente que era uma imagem impossível e, com uma simples inversão, conseguimos a magia de a trazer para o lado de cá do espelho, tornando-a reconhecível e quase familiar [curiosidade de Crécy-la-Chapelle: a inversão das imagens deste fotógrafo parece ser recorrente].

Vista da Estrada da Pena em 1897

Vista da Estrada da Pena em 2009, no inverno

Vista da Estrada da Pena em 2009, no verão

Quase familiar, porque o mesmo ponto de vista em 2009 revela uma transformação profunda. O Palácio é o mesmo – afirmamos nós, mas essa conclusão não pode retirar-se da mera comparação das fotografias, já que a arborização local se alterou radicalmente e deixou de permitir ver o alto da Serra. Em 1897 a Pena sobrevoava um primeiro plano de pinhal denso e jovem. Hoje são raros e dispersos os descendentes desses pinheiros. Em seu lugar, cerram a vista plátanos legítimos e bastardos, carvalhos, castanheiros e mais carvalhos.

1897 fica bem em fotografia e tem o encanto melancólico das paisagens desaparecidas, mas preferimos a penumbra verde de 2009. Cruzamos os dedos para que ninguém se lembre de abrir mais uma vista monumental e despida, à custa deste troço de bosque encantado. E não era bom que a estepe que agora ladeia a Estrada dos Capuchos fosse reflorestada e, daqui a 112 anos, também se apresentasse assim aos nossos trisnetos de 44, frondosa e sintrense de novo?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vista de uma só vez


A partir da área cortada, junto à Estada da Pena, poucos metros antes do cruzamento para os Capuchos, vê-se agora a Vila e o Castelo de uma só vez. O corte abominamos, a vista é bem-vinda, o tom rosado é do fim do dia.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As nossas zelkovas

Vieram do Japão, são populares em forma de bonsai, pertencem à família dos lódãos abundantes das cidades portuguesas e têm nome de patinadora medalhada de Leste – sempre podíamos chamar-lhes keyaki, como no arquipélago de onde vieram! A razão porque falamos delas é que há algumas décadas foi plantado um grupo vistoso – umas nove – em frente da entrada principal no Parque da Pena, já na oposta Tapada do Inhaca, encostadas ao muro. Os seus ramos devem ter crescido livremente sobre este troço da calçada até terem sofrido os cortes violentos cujas cicatrizes hoje se vêm.

Zelkova serrata: aqui está a folhagem de Abril verde pálida sobre o cinza castanho variegado dos troncos, e aqui o verde maduro de Junho. No Outono, em alguns ramos – só em alguns deles – as suas folhas contorno-de-serra enrubescem até rosa-verde. Nessa altura, esperamos trazer aqui de novo a keyaki-zelkova.



segunda-feira, 1 de junho de 2009

Apontamento


Apenas um apontamento: uma imagem (retirada do maps.live.com) do local de que falávamos na última mensagem, junto da Estrada da Pena, na Tapadas dos Bichos, antes dos cortes. Para comparação.

sábado, 30 de maio de 2009

Parques de Sintra e participação pública: a propósito de outra mancha desarborizada

Vista do Castelo



Vista da Estrada da Pena

Vê-se bem do Castelo dos Mouros a mancha desarborizada de que aqui demos conta há umas semanas. Trata-se do derrube de muros e do corte de árvores na Tapada dos Bichos, do lado esquerdo de quem sobe a Estrada da Pena, próximo do cruzamento dos Capuchos, um dos troços que se contavam entre os mais frondosos deste caminho. Ao nosso pedido de informação, recebemos esta resposta da Parques de Sintra, subscrita pelo presidente do seu Conselho de Administração, António Lamas:

«Quanto às aberturas praticadas no muro da Tapada dos Bichos que referem, esclareço que foram necessárias para a remoção das ramadas e troncos das árvores resultantes das limpezas efectuadas nesta zona. Após conclusão dos trabalhos estas serão de novo fechadas, mas uma será, provavelmente, transformada em portão, de modo a proporcionar um caminho pedonal através da Tapada até ao parque de estacionamento dos Lagos. Esta iniciativa faz parte do alargamento da rede de caminhos pedonais que, partindo da Vila, permitam alternativas ao uso da Calçada da Pena.»

Apreciamos este aparentemente simples facto: recebermos respostas rápidas às nossas interrogações, distante da cultura autista da nossa administração pública. Mas gostávamos ainda mais de não sermos sobressaltados a cada passo por mais um acto consumado: mais motosserras em frenesi em mais uma encosta e mais uma mancha florestal “limpa”. Vai ser substituída? Por um estacionamento? Por uma estrada? Por um parque de diversões? Por um condomínio residencial? Por carvalhos, faias e castanheiros? Quando, como, porquê e mais todas a perguntas que interessam a quem se interessa?

Aqui chegamos ao grande pecado da Parques de Sintra, gestora deste nosso património. Se há um plano que guia as suas acções, ele já deveria ter sido tornado público, já deveria ter sido sujeito a discussão e já deveria ter sido – necessariamente – ajustado em resultado dessa discussão antes de tomadas decisões finais. Aqui, a Parques de Sintra assemelha-se mais à velha administração pública (ou a uma empresa de interesse privado). Não acreditamos em entidades infalíveis e benignas, nem nos bons povos dóceis e agradecidos. Estamos convencidos de que os resultados do trabalho da Parques de Sintra seriam melhores e mais reconhecidos se se fundassem em participação pública séria, e cabia à Parques de Sintra a obrigação de a dinamizar – afinal, o que se está a passar nesta Serra, com os milhões anuais que agora aqui se derramam, pode bem ser o mais intensivo e radical conjunto de transformações desde os tempos fundadores de D. Fernando II.

sábado, 23 de maio de 2009

Estacionamento na Serra: os planos da Parques de Sintra


Agora que os parques públicos de Sintra têm uma gestão com vontade, qualificação e meios para agir, estávamos à espera de que algo acontecesse à circulação automóvel e ao estacionamento que congestionam a Estrada e a Calçada da Pena (na mesma proporção em que aumenta a popularidade turística e as receitas que aqui são geradas). Estávamos à espera que o trânsito particular fosse restringido – não, estávamos à espera que fosse suprimido! – e que as subidas ao Palácio ou ao Castelo se fizessem a pé ou em transporte público decente – não na carreira irregular que transporta gente como gado apinhado, onde a Scotturb extorque descaradamente os visitantes. Pois bem, parece que vai acontecer precisamente o contrário.

Há cerca de um mês, falando de obras recentes que por aqui decorrem, referimos que junto à Calçada da Pena, na Tapada do Inhaca, foram feitas aberturas no muro, cortada toda a vegetação rasteira e coberto o solo com madeira triturada. Pedimos um esclarecimento à Parques de Sintra, que nos ofereceu uma resposta explícita e detalhada, subscrita pelo presidente do seu conselho de administração, Prof. António Lamas, aqui transcrita na íntegra:

*
«1) Como devem saber, um dos mais graves problemas no acesso ao Parque da Pena na época alta, deve-se a não haver suficientes lugares de estacionamento para os automobilistas que, sem o saberem, entram na Calçada da Pena e, depois, não tendo lugar, param o carro ao longo das margens, impedindo a passagem de outros veículos, em especial os de transporte de passageiros. Estes bloqueios, que ocorrem com exagerada frequência, exigem a remoção dos veículos mal estacionados mediante a vinda de carros de reboque de São Pedro, em marcha-atrás, o que chega a demorar horas. No Verão passado, em articulação com a GNR, colocámos, em todas as curvas e estreitamentos da Calçada da Pena, pedras de grande dimensão e vedações em madeira para reduzir estes acidentes, mas isso diminuiu muito a capacidade de estacionamento a caminho dos Mouros e Pena.

2) Para resolver este problema sem estudos aprofundados sobre a acessibilidade a Sintra e à serra, que só de uma forma integrada e com a colaboração da autarquia serão possíveis, a solução encontrada consiste na colocação de detectores da passagem de veículos ao longo da Calçada da Pena, em secções apropriadas, e de painéis informativos que indiquem a existência, ou não, de lugares de estacionamento, e onde. Complementarmente, é necessário alargar o número de lugares de estacionamento e criar um parque alternativo para onde possam ser desviados os veículos que, à chegada à entrada da Calçada, não tenham, ao longo desta, estacionamento disponível. Este parque será colocado na Tapada do Mouco na fronteira com o Parque da Pena.

3) Para alargamento da capacidade de estacionamento na Calçada da Pena, a zona em frente à Casa da Lapa foi limpa e coberta com estilha das limpezas florestais em curso. Foram também realizadas duas aberturas no muro, que serão dotadas de portões: uma para entrada e outra, mais abaixo, para saída. É uma zona quase plana, que permitirá estacionar, entre as árvores a preservar (à parte de algumas infestantes, nenhuma árvore a preservar foi removida), cerca de 60 veículos.

4) O sistema de controlo do estacionamento na Calçada da Pena, descrito em 2, exige também que, se não houver lugares ao longo da Calçada (incluindo nos parques de estacionamento existentes e no novo) os automobilistas sejam avisados à entrada, sugerindo-se que usem um parque de estacionamento fora. Para isso seleccionámos uma zona da Tapada do Mouco perto do Parque da Pena, com entrada por portão sobre a EN247-3, a partir do qual será disponibilizado transporte até à entrada do Castelo dos Mouros ou do Parque da Pena. Este estacionamento, do mesmo tipo do descrito em 3., servirá também para apoio às visitas às obras do Chalet da Condessa (marcadas), que abrirão brevemente.»

*

Percebemos a intenção da Parques de Sintra: é necessário garantir o acesso dos visitantes aos parques em condições aceitáveis e fazer alguma coisa face aos engarrafamentos e ao estacionamento caótico, e a solução foi a que se pode encontrar dentro das competências da empresa e não mais. Mas não podíamos estar mais em desacordo com ela. Achamos que vai encorajar a deslocação automóvel à Serra. Achamos que a Estrada e a Calçada vão-se tornar, ainda mais, vias para-urbanas de circulação intensa. Achamos que a congestão vai ser alargada à Estrada dos Capuchos e à Tapada do Mouco. Achamos, aliás, que vai ser alargada à Vila Velha e a São Pedro. Achamos que as deslocações a pé vão ser dificultadas. Achamos que as Tapadas não foram integradas no património público para serem desbastadas e receberem parques de estacionamento. Achamos que tudo isto contraria as opções estratégicas do Plano de Gestão da Paisagem Cultural de Sintra. Pior, achamos que contraria o carácter e a personalidade intrínsecos deste extremo oriental de Serra. Achamos que a expectativa de uma solução integrada de mobilidade em Sintra vai ser diminuída por esta má meia-solução. Achamos que a Parques de Sintra está em posição privilegiada para pressionar a letárgica Câmara Municipal a encontrar a solução integrada que admite ser necessária e achamos que devia fazê-lo – porque se esta é a melhor solução possível para a Parques de Sintra, é uma péssima solução para Sintra.

(Sobre este assunto, ver as notícias de ontem no Público e de hoje no Alagablogue)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Obras pela Serra

Há já algumas semanas que decorriam obras em edifícios abandonados dos parques e tapadas públicas da Serra. Hoje vimos que foram colocadas placas identificadoras dos trabalhos e descobrimos que a Casa da Lapa, uma das duas antigas casas das Matas Nacionais na Calçada da Pena, junto ao início do caminho para Santa Eufémia, está a ser convertida em Centro de Acolhimento para Visitas Pedonais ao Castelo dos Mouros e Parque da Pena:


A Casa do Guarda do Portão dos Lagos será um Centro de Acolhimento de Visitantes da Zona dos Lagos e Feteira da Condessa:


Por fim, a Casa do Guarda do Castelo dos Mouros, na menos utilizada das três entradas da Tapada do Castelo, deverá tornar-se um Centro de Interpretação Ambiental:


As intervenções nos edifícios históricos são talvez das acções mais visíveis e mais unanimemente aplaudidas da nova gestão da Parques de Sintra e vemos com muita satisfação chegar a vez da recuperação dos "edifícios menores".

Entretanto, mais transformações, desta vez no coberto vegetal e ainda sem qualquer identificação, deixam-nos mais perplexos e motivam novo pedido de informação aos gestores dos parques. Uma, exactamente em frente da obra da Casa da Lapa, já na Tapada do Inhaca, consistiu numa abertura do muro, no corte de toda a vegetação rasteira e na cobertura do solo com madeira triturada:


Outra adjacente à Estrada da Pena, muito próxima do cruzamento para os Capuchos, um troço outrora em sombra profunda onde agora se pode ver um sério pedaço de desarborização:


terça-feira, 7 de abril de 2009

Uma floresta de tabuletas


Em plena floresta de Sintra uma outra espécie de floresta cresceu de forma selvagem em pleno cruzamento da Estrada da Pena com a Estrada dos Capuchos: placas, sinais, anúncios e avisos, num nunca mais acabar de informações, advertências e proibições.

O número absurdo de tabuletas, de todas as cores e feitios, aqui colocadas denota mais do que uma boa intenção: no seu frenesim informativo, diferentes entidades públicas, pouco dadas a cooperação, planeamento e bom senso, violaram todas as regras básicas da comunicação visual, da correcta gestão do espaço público e do respeito pelos valores estéticos do contexto.

Se não fosse grave e lamentável seria pedagógico: um excelente exemplo daquilo que não deve ser feito quando, numa desenfreada atitude paternalista para com transeuntes e automobilistas, se acredita que, só por si, muita informação é igual a melhor informação e, em última instância, maior conhecimento. Na verdade, o resultado é mera confusão e bastante poluição visual e, neste caso, parece não haver classificação de paisagem protegida que valha ao belo – e outrora misterioso – cruzamento da Estrada da Pena com a Estrada dos Capuchos.