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domingo, 19 de julho de 2009

“Often inattentive, and occasionally stupid”

Há muitos anos, soubemos que Raul Lino desenhara o jazigo da Condessa d’Edla, reproduzindo, para sua última morada, o ponto mais alto da Serra de Sintra e a sua Cruz. Nunca o conhecemos no local, ou sequer em imagens, e durante umas duas décadas mantivemo-nos esquecidos deste facto. Há três meses o Rio das Maçãs assinalou o aniversário da morte da Condessa e mostrou uma fotografia do jazigo (no Parque da Pena também o podiamos ter encontrado), o que nos provocou uma reacção estranha: primeiro, surpresa e entusiasmo pela descoberta; depois, uma recordação progressiva e lenta do conhecimento passado e entretanto desvanecido. Sentimo-nos como Catherine Morland, a heroína que Jane Austen criou para A Abadia de Northanger:

«Nunca aprendia ou compreendia nada antes de ser ensinada; e por vezes nem então, porque era frequentemente desatenta e ocasionalmente estúpida.»

Pois bem, por penitência – e também com gosto – deslocámo-nos ao Cemitério dos Prazeres, Rua 2-A, n.º 6399, para aprendermos e compreendermos sem desatenção nem estupidez. A réplica reduzida, à escala 1:2 ou 1:3, foi desaparecendo do lado da frente do jazigo, à medida do crescimento dos ciprestes – será que foram, com as rochas graníticas, recolhidos na Pena? Por estar a submergir na vegetação, só é possível ver a cruz de tardoz, e, ainda assim, há que esquinar para sudoeste para divisar o seu topo desimpedido – porque a base desapareceu de todos os ângulos:




Temos agora um atraente paradoxo: a pedra enegrecida da réplica, envelhecendo no seu túmulo, denuncia os oitenta anos que já conta, enquanto que o modelo original, destruído por um raio e há pouco tempo reerguido, resplandece na sua pedra juvenil: