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terça-feira, 16 de junho de 2009

As conferências de Sintra



Estas são as duas primeiras páginas de um fac-símile oferecido no ciclo de conferências organizado pela Câmara Municipal de Sintra sobre «Coisas d’Árvores». A edição homenageia Mário de Azevedo Gomes e foi, originalmente, uma publicação dos «Livros do Povo – Noções de Tudo», de 1916. Num tom didáctico e com a dose suficiente daquela pronta consciência de inferioridade que por hábito nos caracteriza, ensina-se que não é bom o “...trato que a gente vê dar muitas vezes na nossa terra às árvores; mas já nos países mais adiantados em que o povo é mais instruído, e sabe distinguir melhor o que é fazer bem e o que é fazer mal, a árvore vai logrando de todos o respeito que merece.

As conferências – só pudemos assistir às três últimas – foram muito interessantes por mais do que uma razão. Os conferencistas eram conhecedores profundos dos assuntos que trataram e, melhor ainda, eram três vozes bem projectadas e três excelentes comunicadores. Que os serviços municipais responsáveis pela arborização pública local tenham organizado este ciclo com tal nível de oradores, para além de mais complementado por um conjunto de acções de formação dirigidas aos seus trabalhadores, é só por si uma óptima notícia, sobretudo tendo os intervalos sido acompanhados pela distribuição de queijadas frescas.

Naturalmente que ainda não recuperámos das podas, podas, e mais podas dos últimos meses, e que nos parece que a arborização pública tende aqui a ser débil e decadente, e a acção municipal errática. O que nos leva a outra faceta muito interessante destas conferências: o constante conflito entre arbofilia e arbofobia que tão bem revelaram.

Um dos conferencistas, António Fabião, referiu um inquérito feito aos lisboetas há uns anos, sobre a relação que mantinham com as suas árvores públicas, onde se concluiu que as árvores eram nominalmente muito amadas por todos, mas a maior parte não as queria ter à sua porta. É, em cheio, o “ódio aos arvoredos” de Alexandre Herculano, que invade as secretarias de presidentes e vereadores com queixas pelos prejuízos que os monstruosos vegetais infligem ao património privado de cada um e até à sua própria saúde – física e, provavelmente, mental. Ao ódio junta-se a ignorância que o pouco e mau contacto com a arborização urbana alimenta, levando muitos a acreditar que o mau tratamento das árvores públicas lhes é dispensado no seu melhor interesse.

Outra é a posição dos amantes de árvores, cujo afecto irracional e inexplicável vem acompanhado pela defesa informada da existência abundante de árvores, plantadas onde possam crescer, desenvolvendo-se livremente num território ordenado – como no Paraíso. Nestas conferências, o poder público estava a esforçar-se para propagar precisamente esta defesa informada. Mas é muito claro que a Câmara Municipal de Sintra emana dos próprios cidadãos que administra e que aqueles que em seu nome actuam partilham a ignorância e a sabedoria – o amor e o ódio também – que por toda a população se distribuem. Faz assim sentido o peso que teve a formação dentro dos próprios serviços, como faz sentido que grande parte dos participantes nas sessões públicas fosse feita de funcionários municipais, desde dirigentes técnicos a jardineiros, acompanhados por responsáveis políticos.

Agora, falta que esta vaga de esclarecimento se propague; que os fragmentados serviços locais se coordenem; que persistam no combate à ignorância, mesmo, ou mais ainda, nas suas próprias fileiras (o combate ao ódio será sempre coisa mais subtil); que a infeliz arborização dos espaços públicos de Sintra seja bem tratada e que planos de nova arborização façam tomar de verde os nossos largos, as nossas praças e as nossas ruas (não nos importamos que comecem pela nossa); enfim, que possamos dizer que está ultrapassada aquela lição antiga do livrinho de 1916.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Maria João Gamito: «Sintra para além de Sintra ou o lugar como paisagem»


Na próxima quarta-feira, dia 20, às 18h30, irá decorrer no Palácio Valenças a conferência de Maria João Gamito, Sintra para além de Sintra ou o lugar como paisagem, integrada no III Curso de Sintra - Idade Contemporânea.

Maria João Gamito é Professora Associada com Agregação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Professora Associada Convidada do Departamento de Arquitectura do ISCTE. Desenvolve a sua actividade de investigação nas áreas científicas da Cultura Visual, da Teoria da Imagem e do Desenho. A convite do Ministério da Educação, é coordenadora e co-autora de programas pedagógicos do Ensino Artístico Especializado.

sábado, 9 de maio de 2009

Sombras decapitadas

Voltamos às “podas”. Como nos recorda o Paulo em comentário no amor e outros desastres, as sombras que no verão refrescavam as ruas em volta da estação de Sintra desapareceram e deram lugar a mais uma deprimente e incompreensível colecção de cotos:




Por outro lado, a consequência imediata e visível de podas que ocorreram na Portela começa a poder ser confirmada, com os tufos de nova folhagem dos choupos negros a rebentar desesperadamente onde quer que possam, em busca de alimento, tendo por resultado seres enfraquecidos, disformes e desproporcionados:


Entretanto, ao mesmo tempo que deparámos com mais uma onda de devastação praticada neste concelho – "Massacre em Queluz", onde a última imagem é da destruição de um grupo magnífico de tipuanas, uma espécie de árvore que nunca tínhamos visto "podada"– tomámos conhecimento do ciclo de conferências que tem as Árvores por tema, acompanhado por um ciclo de formação para funcionários autárquicos. Eis as sessões que faltam (aqui, os detalhes do programa):

12 de Maio 14h00 às 17h30: “A poda das árvores ornamentais”
Dr. Francisco Coimbra (Árvores e Pessoas)

19 de Maio 14h00 às 17h30: “A importância das árvores em meio urbano”
Prof. António Fabião (Instituto Superior de Agronomia)

2 de Junho 14h00 às 17h30: “Que árvores para Sintra?”
Dr. Luís Pedrosa (Instituto Superior de Agronomia)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Conferências sobre arte e paisagem em Sintra


Iniciou-se o III Curso de Sintra - Idade Contemporânea, organizado pela Divisão de Património Histórico-Cultural da Câmara Municipal de Sintra, que este ano incluirá algumas conferências, directa ou indirectamente, subordinadas às relações entre arte e paisagem em Sintra.

Destacam-se, nomeadamente, as de Maria João Neto (
Sintra através do olhar dos primeiros viajantes ingleses: arte e paisagem, no dia 1 de Abril), de Glória Azevedo Coutinho (Monserrate: a obra italianate do arquitecto James Thomas Knowles, dia 15 de Abril), de Maria João Ortigão (Mulheres artistas entre o fim de século e o modernismo, dia 22 de Abril) e de Maria João Gamito (Sintra para além de Sintra ou o lugar como paisagem, dia 20 de Maio).

As conferências decorrem às 18h30 no Palácio Valenças.