Congratulamo-nos com o restauro (ainda não completamente terminado) do Palácio de Seteais – propriedade da cadeia Tivoli Hotels & Resorts. O que não compreendemos é porque é que dessa recuperação resultou o arranque das glicínias que cresciam ao longo das paredes laterais da rampa de acesso ao miradouro central.


Talvez o corte das glicínias do miradouro de Seteais pareça a muitos – a começar pela direcção do hotel, os autores do projecto de restauro ou a Câmara Municipal que licenciou a obra – um pormenor sem grande significado ou importância. A verdade, porém, é que Sintra é feita destes pormenores. Mesmo quando, como aqui em Seteais, ela parece ter uma dimensão monumental, a sua grandeza é o resultado de uma sábia mistura entre arquitectura e paisagem, natureza e artifício, intenção e surpresa. Basta olhar para as fotografias que apresentamos para perceber o óbvio: o miradouro de Seteais ficou mais pobre. Como mais pobre ficou, por isso, Sintra. Tal como nós, impossibilitados doravante de ver florir as glicínias em Seteais.
