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domingo, 5 de julho de 2009

Miscelânia de tuias: “assinalável excentricidade”

Um pouco mais sobre tuias gigantes: de acordo com informações recolhidas no mundo virtual, a maior de todas é americana (onde lhes chamam western redcedar) e vive no coração do seu território natal, junto ao Lago Quinault, no estado de Washington. Podemos compará-la com a nossa tuia da Feteira da Rainha. A expectativa é que o nosso exemplar sintrense se aproxime das dimensões da irmã mais velha americana, o que com certeza será apenas uma questão de séculos.

Tuia gigante do Lago Quinault
(imagem em Purpleslinky)


Tuia gigante da Feteira da Rainha
(com sapato tamanho 44 para comparação)


Só mais uma tuia final: a rival da dos domínios da Rainha Dona Amélia habita os domínios da Condessa de Edla, poucos metros a sul do Chalet, e é referida na Monografia do Parque da Pena (pp. 129-130) como «o segundo exemplar, em majestade, dentro do Parque» mas, tal como o primeiro, lamentam-se os «crescimentos laterais exagerados» que «desmancham o conjunto harmónico». E, depois, «são características certas pernadas cujo crescimento na base, em plano horizontal, corresponde à mais assinalável excentricidade; secções “em quilha” podem registar-se ou em oval muito alongada. Breve esta ramagem ergue-se depois a prumo formando colos de grande elegância. Como é uso na espécie, quando as formações na base não sejam suprimidas, podem, ao encurvarem-se, tocar a terra e aqui mesmo enraízam várias, em termos de emanciparem-se (mergulhia natural).»
Eis a Tuia da Condessa, meio século depois:

sábado, 4 de julho de 2009

A Tuia Gigante e o fim da clandestinidade

Altura da placa identificadora: 1,2 m

A Parques de Sintra vende por trinta e cinco euros um “Passe Visitante Frequente” que permite, durante um ano, a entrada livre no Parque da Pena, no Castelo dos Mouros, no Parque de Monserrate e no Convento dos Capuchos. É talvez o preço menos disparatado dos que actualmente aqui se cobram – mas este assunto tem que ser tema de poste autónomo. As alternativas económicas eram as entradas gratuitas para munícipes nas manhãs de domingo, muito limitadoras do dia e hora de visita, e o salto-do-muro, muito conveniente no que respeita a horários (vinte e quatro horas por dia!) mas que, naturalmente, só se permite aos cidadãos mal comportados. Acabámos assim por decidir experimentar o passe e aqui estamos hoje a comemorar a nossa primeira entrada na nova modalidade com uma homenagem à mais institucional das árvores do Parque.

A Thuja plicata da Feteira da Rainha Dona Amélia não só é uma árvore maravilhosa e fascinante como é universalmente – ou no pequeno universo sintrense – reconhecida como tal. Já figurou em desenho nos bilhetes de entrada no Parque e fazem-se muitas referências a ela neste mundo virtual em que nos encontramos. Sempre tendo para nós parecido evidente a qualidade de “estrela arbórea do parque” que a Tuia Gigante tinha estampada, descobrimos com curiosidade o desprezo (já registado pelo “Parque da Pena”) que lhe votava Mário de Azevedo Gomes há cinquenta anos:

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«Foi dos exemplares mais perfeitos do Parque; sinto ter que dizer que não o é já hoje por falta de intervenção cultural conveniente (...) que teria evitado, feita a tempo, o desmandar-se a árvore, com perda da forma específica, cone de verdura densa, que lhe é própria. De facto, uma pernada crescida à vontade, para o lado oeste, tomou hoje tal desenvolvimento em detrimento do eixo principal, que para aquele lado toda a antiga simetria e regularidade estão perdidas (...) escangalhando a harmonia do conjunto.»
Monografia do Parque da Pena, p. 261

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Será a nossa condição leiga, ou a nossa insensibilidade, que nos permite admirar o que para especialistas é uma deformidade intolerável? Não gostaríamos que as nossas romagens obrigatórias à Tuia Gigante fossem uma versão botânica e moderna das filas circenses à porta da Mulher Barbuda e do Menino de Duas Cabeças, mas foi exactamente a irregularidade desta árvore que a tornou tão carismática. Assim, mesmo correndo o risco de censura pública, aqui estão para nosso e vosso prazer culposo algumas imagens clássicas do monstro, com todo o horror dos seus membros desfigurados:



Nota final sem importância:
parece-nos que a "pernada crescida à vontade" cresceu para leste.