quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um Belo Céu Desperdiçado


Um dos argumentos usados para defender rolagens e podas radicais é o do conflito entre as copas das árvores e as infra-estruturas de electricidade ou telecomunicações. De facto, o conflito por vezes existe. E, apesar de não termos ouvido este argumento a propósito da recente devastação de tílias e plátanos em Sintra (aliás, não se ouviu argumento algum excepto o deplorável “é assim que fazemos todos os anos” – verdadeiro argumento de inimputável!), ele podia ter sido utilizado. É que algumas das ruas arborizadas que nesta Primavera foram vandalizadas pelas nossas autoridades locais estão pejadas de infra-estruturas aéreas.

Fios de electricidade e telefone pendurados no ar é coisa do mundo rural ou de cidades do terceiro mundo. Nos aglomerados urbanos deste lado do mundo costumam ser subterrâneos e, mesmo em Sintra – na Vila Velha ou na Portela, por exemplo – já se adoptaram essas soluções tecnologicamente sofisticadas. Será exagerado esperar que, numa vila europeia classificada como Património Mundial, se consigam fazer desaparecer de vista esses emaranhados aéreos e os postes pindéricos em que se enrodilham (como parece exagerado esperar que se cumpram os compromissos de bem cuidar da arborização pública e privada que se assumiu perante a UNESCO)?

Portanto, fica aqui mais uma sugestão ingénua à Câmara Municipal de Sintra: por favor, para além de não destruírem o património vegetal que resta nas nossas ruas (e, já agora, plantarem uma arvorezita aqui e ali, de vez em quando), ficaríamos também muito felizes se abrissem umas valas e enterrassem esses tristes cabos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sintra nos Açores


Na ilha de São Miguel, uma visão da Lagoa do Fogo ao fim do dia, enevoada e a transbordar após este Inverno chuvoso (clique na foto para ampliar - esta visão deve ser ampliada!).

terça-feira, 18 de maio de 2010

Perdidos? Nunca Mais!


Tanto quanto nos podemos lembrar, nas nossas primeiras subidas ao Castelo a partir de Santa Maria, subíamos com a pequena excitação provocada pelo risco de nos perdermos. Se não estamos errados, havia apenas uma indicação importante, num lugar estratégico, junto da igreja românica arruinada, que até há pouco tempo indicava a quem vinha do lado da Pena os caminhos de Sintra e do Castelo.

Claro que o risco de perda não existe verdadeiramente, mas isso é algo que só se descobre mais tarde. É que nesta encosta da Serra não há muito que saber: para a Vila é sempre a descer, para o Castelo é sempre a subir, apenas com a possibilidade de umas variantes pelo meio, onde ninguém se consegue desviar muito.

Seja como for, esta possibilidade foi exaustivamente eliminada com a colocação de abundantes postes de madeira onde se assinalam todas as direcções e todas as distâncias, juntando-se a outras que já identificavam percursos pedonais, acompanhadas de riscos e cruzes amarelas e encarnadas e sobrepondo-se às escassas indicações mais antigas. São gestos desvelados que reduzem a angústia dos visitantes no momento das encruzilhadas e domesticam mais ainda esta encosta da Serra.

Há uns tempos, falava-se no Dias com Árvores, a propósito da Floresta de Epping, da ânsia pelos percursos sinalizados, em contraste com uma deliberada ausência de sinalização intrusiva que se prefere noutras paragens. Pessoalmente, votamos numa domesticação mais discreta, que finja melhor a inexistente fraga selvagem sintrense. Parece-nos que a oportunidade de nos perdermos um pouco, correndo o risco de andar uns quatro passos a mais até percebermos que continuamos no caminho certo, enriquece os passeios em Sintra, e noutros lugares também.

A todas as placas de madeira cheias de setas, de nomes de lugares e de centenas de metros, estimamos que escureçam, que emboloreçam depressa e que a paisagem as engula.

domingo, 16 de maio de 2010

De Regresso

Perturbações extraordinárias da atmosfera local afastaram-nos de Sintra e do mundo virtual durante vinte e três dias. Vamos regressar, aterrando suavemente nos musgos e ervas da Serra:

Musgo sobre um muro na Estrada da Pena


Musgo sobre uma rocha na Calçada da Pena


Parede verde perto do Miradouro da Vigia


Tronco guarnecido de um Acer pseudoplatanus na Tapada do Inhaca