terça-feira, 20 de julho de 2010

Descubra as Diferenças (II)



E agora a parte de cima da Tapada do Inhaca, a caminho do ponto mais alto da Calçada da Pena: a vista de Inverno e vista de Verão destes áceres-que-se-fazem-passar-por-plátanos e destes carvalhos robur. Não sabemos se nos inquieta mais o contraste dos seus esqueletos iluminados contra o azul e o verde do princípio do ano, ou a selva sombria de uns meses mais tarde. Ou talvez seja do nosso estado de espírito de hoje e este seja afinal um cenário perfeito para um piquenique ingénuo e inocente em qualquer época do ano.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Descubra as Diferenças (I)



Aqui está o mesmo fragmento da Tapada do Inhaca visto da Calçada da Pena, um pouco abaixo dos portões do Parque. Primeiro visto à luz crua de um dia do fim do Inverno, depois afogado em vida em pleno Verão. Descubra as diferenças e ganhe prémios!

sábado, 17 de julho de 2010

Vende-se Incensal, para Construção


Ainda a propósito do Pittosporum undulatum: há alguns meses havia uma placa a anunciar a venda de um terreno para construir, na esquina da Conde de Seisal com o Caminho da Alba Longa. Há muito tempo, alguém plantou pés de árvore-do-incenso ao longo dos caminhos que percorrem este terreno em encosta suave, talvez à espera de obter um recanto para passear entre arbustos aromáticos. Mas desde pelo menos os anos oitenta que conhecemos esta esquina abandonada, coberta por uma massa densa de pitósporos de dez ou mais metros de altura, contrastando com lotes construídos, domesticados e pouco arborizados em volta.

Esta pequena mata tinha – e ainda tem, mas não por muito tempo – o muro que a cerca derrocado. Estava e está ainda sujeita a ser trespassada por intrusos que podem despejar lixo furtivo ou deliciar-se na sombra das folhas onduladas que ali dominam, acompanhadas no Verão pelas de um ou outro ácer (dos que se fazem passar por plátanos). Aqui estava ela na Primavera que passou:



Com a placa “vende-se” já desaparecida, o sono de décadas do incensal foi há poucos dias interrompido por serras que se lançaram a por a selva em ordem, adelgaçando a mata e, provavelmente, preparando-a para um futuro mais urbanizado. Aqui está agora a terra do seu chão a ver-se pela primeira vez na nossa vida sintrense e os despojos dos cortes amontoando-se ao sol que aqui voltou a penetrar:


domingo, 11 de julho de 2010

A Propósito de Infestantes (II)


Começámos por confessar o prazer culpado que nos dão algumas acácias de Sintra. Em intensidade de culpa, logo após as acácias vêm os pitósporos, denominação desagradável que se presta bem a árvores virulentas e usurpadoras. Se quisermos ser menos severos podemos recorrer ao mais suave nome Pittosporum undulatum, ou melhor ainda, ao insinuante “árvore-do-incenso”. O abandono das matas ao longo da Estada da Pena foi fazendo com que, em muitos troços, estas folhas onduladas e lustrosas suplantassem todas as outras. Sem árvores-do-incenso pouco restaria das sombras desta estrada, que se tornaria assim noutro caminho através da estepe, como os que agora há mais acima, onde a luta contra as infestantes é mais aguerrida.

Um dos nossos momentos preferidos da Estrada da Pena, por exemplo, aquele da curva apertada e do muro alto que suporta a encosta, logo acima da entrada para a Azinhaga do Vale dos Anjos, não seria nada sem a infestação dos pitósporos ondulados do incenso:


Mas há outra loa a cantar às árvores-do-incenso: Nos primeiros dias mornos de Abril, quando o sol se põe, desce da Serra um cheiro forte que anuncia a primeira primavera a todos os que desembarcam em Sintra. Durante anos, achámos que era apenas o cheiro das boas noites sintrenses nessa época eufórica. Mas é mais que isso, é o cheiro açucarado irresistível destas infestantes que ameaçam devorar o nosso éden.


sábado, 10 de julho de 2010

De Baixo para Cima



Ou, para ser mais preciso, "Muro com Musgo e Outros Vegetais sob Tília, Visto de Baixo para Cima na Entrada da Tapada do Castelo dos Mouros, numa Manhã do Ano de Dois Mil e Dez, em Sintra"

sábado, 3 de julho de 2010

A Pena no Verão (IIII)


Quanto à descida da Cruz Alta: quem não conheça o Parque da Pena e seja tão distraído que nem sequer repare nos mapas que distribuem à entrada corre o risco de perder o caminho discreto que desce para poente. Estes são os seus marcos principais: Pouco abaixo do topo, uma mancha mais fragosa cheia de sombra e chão calcetado de musgo e raízes, que conduz a um dos miradouros selvagens do parque. Mais abaixo, um pórtico de penedos que separa a parte escarpada do caminho da sua parte mais suave.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Pena no Verão (III)




Eis então a reportagem da subida à Cruz Alta pela estrada comum (que foi recentemente desalcatroada e calcetada com cubos de granito – desculpem-nos se deixamos das imagens da calçada em si para outro dia). Os momentos perfeitos estão a meio do caminho, entre a névoa cerrada e o céu aberto, nos locais em que o nevoeiro cede ao sol.