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segunda-feira, 8 de março de 2010

Vistas da Época

Algumas vistas da Pena apenas são possíveis no Inverno. Quando as árvores adormecidas voltam a acordar, cerram-se os tectos dos caminhos e o palácio volta a desaparecer atrás das copas. Por isso, não nos sobram muitos dias para as apreciar. Aqui está a Pena a partir do poente, logo após a estrada alcatroada da Pena se tornar calçada, atrás de um bosque quase a despertar:


Aqui, a Pena vista do norte, da encosta do Castelo dos Mouros, enquanto os plátanos não abrem os olhos:


E aqui uma vista nascente, de quem sobe ao Pinhal do Prior, a meio caminho entre a Calçada da Pena e Santa Eufémia. É uma vista que não depende realmente da estação do ano, mas completa as outras duas; foi descoberta após os cortes recentes da mata e revelou um palácio entre os tufos de trepadeiras, empoleiradas no alto dos pinheiros:

sábado, 25 de abril de 2009

O Bosque das Nuvens Mortas


A “nuvem”, para nós, é uma planta trepadeira cujo verdadeiro nome desconhecemos, por simples ignorância, por preguiça e pela satisfação com o nome privado que lhe inventámos. Chamamos-lhe assim porque, apesar de em Sintra a podermos encontrar forrando muros disciplinadamente, torna-se selvagem quando abandonada a si própria, cobrindo então tudo o que se coloca no seu caminho, subindo pelas árvores, abraçando-as e formando sobre elas massas aéreas volumosas, como nuvens.


Em vários locais abandonados de Sintra, as nuvens levantaram-se ao céu e tomaram conta de toda a vegetação existente. Um desses locais foi o Pinhal do Prior. Trata-se de uma área até há poucos meses densa e pouco acessível, do lado esquerdo do caminho que sobe da Calçada da Pena para Santa Eufémia, antes de atingida a antiga pousada de juventude. Hoje é, não por boas razões, um pequeno bosque fascinante.


Pela Monografia do Parque da Pena sabemos que, em meados do século XX, esta era uma área pouco interessante de pinheiros-bravos não muito antigos e alguns ciprestes-do-buçaco. Ao longo das últimas décadas de abandono essa vegetação envelheceu, despontaram novos plátanos-bastardos e pitósporos e a nuvem cobriu-os a todos, subindo ao topo das árvores. Hoje, poucos meses após a limpeza parcial da mata, agora sem silvas nem pitósporos, o resultado é um bosque esparso irreal, onde, sobre um chão de troncos derrubados, os restos das árvores antigas e os novos rebentos se enlaçam em novelos negros da trepadeira morta, ou são abafados pela massa das nuvens que ainda sobrevivem.


Não acreditamos que o espectáculo possa durar: não decorrerá muito tempo até uma acção mais profunda dos novos gestores do Parque. Por isso, quem quiser passar destas fotografias estranhas à realidade terá de se apressar.