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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Boas Vindas ao Trânsito na Serra


Tal como somos forçados a recordar cada vez que passamos na Calçada da Pena, foi aberto um parque de estacionamento na Tapada do Inhaca, à custa de corte de vegetação e de compactação de terrenos. Ao longo deste Inverno chuvoso, para nosso gáudio, o solo nu transformou-se num lamaçal intransponível, o acesso de veículos foi cortado e, por uns meses, pareceu que o antigo bosque poderia regressar.

Entretanto, a chegada da Primavera começa a afogar de novo a Serra em trânsito e nada leva a crer que a nossa Câmara Municipal dê conta de que tem alguma coisa a ver com o assunto. A Parques de Sintra, por seu lado, sempre velando pelo bem estar dos pagadores de bilhetes de entrada, decidiu voltar ao seu estacionamento inutilizado, munida de máquinas, rolos compressores e grandes telas brancas. Nos últimos dias têm-se atarefado a esmagar um pouco mais as raízes das árvores que sobrevivem, com o simpático intento de proporcionar um piso agradável aos pneus delicados dos visitantes automobilizados.

sábado, 7 de novembro de 2009

Bruscamente, no Outono


Bruscamente as melias decidem amarelar. Tão rápida e intensamente que os observadores mais distantes ou distraídos podem pensar estar perante florações de Outono. Mas não, são apenas as folhas das asiáticas melias a outonar. As que aqui vemos encontram-se no terreiro defronte da estação da Portela de Sintra, há muito transformado em gigante parque de estacionamento e que podia e devia ser um outro tipo de parque: uma praça jardim com, por exemplo, estacionamento subterrâneo.


sábado, 10 de outubro de 2009

O Parque de Estacionamento, outrora conhecido por Largo da Misericórdia

Largo da Misericórdia (vista parcial)

A circulação e o estacionamento é, indubitavelmente, o problema mais grave de Sintra e também aquele que exige um projecto global corajoso, ancorado em estudos sólidos e em soluções arrojadas, e, necessariamente, numa vontade política forte. O novo mandato autárquico deveria ser a oportunidade de iniciar este processo pondo fim à atitude prevalecente nestes últimos anos: de tanto fingir que não se vê o problema conseguir acreditar que ele não existe.

No centro da Vila a necessidade de reordenamento e requalificação dos espaços públicos é notória. No entanto, para que isso aconteça é necessário que o todo o espaço mais ou menos livre deixe de ser, passiva ou activamente, destinado a estacionamento. Depois de uma entidade externa ter imposto o fim do estacionamento no Terreiro Rainha D. Amélia, defronte do Palácio Nacional de Sintra, quando é que a Câmara se decide, por exemplo, a transformar o Largo da Misericórdia (logo abaixo daquele) numa efectiva praça?

De facto, hoje, Largo da Misericórdia não é senão o nome de um parque de estacionamento público (por outras palavras, um terreno público alugado ao minuto para fins privados), onde um sitiado pelourinho não só constitui um estorvo para os automobilistas como, ao ocupar de forma permanente dois potenciais lugares, conduz a uma substancial perda de receitas privadas e municipais (ver a decisão da Câmara e da Assembleia Municipal de privatizar a exploração do estacionamento pago no concelho). E sempre num estado de duvidosa apresentação e higiene.


sábado, 8 de agosto de 2009

A Pena em hora de ponta


Como sabemos, há planos para espalhar parques de estacionamento pela Serra, abrindo espaços nas tapadas que envolvem a Pena, adquiridas – julgávamos – para seu enquadramento e protecção. Um desses espaços, na Tapada do Inhaca, foi preparado há poucos meses, encostado à Calçada, em frente da Casa da Lapa. Retirou-se toda a vegetação não arbórea, aplanou-se e compactou-se o chão, cobriu-se de lascas de madeira e abriram-se passagens nos muros de pedra. Podemos agora ver o que espera outras tapadas com áreas planas convenientes ao repouso automóvel:


Uns metros acima, já chegando à entrada principal da Pena, a Calçada é alargada e calcetada, não sabemos se para privilégio do estacionamento, se da circulação, se ambos:


Enfim, em plena hora de ponta de Agosto, é esta a visão misteriosa e mágica com que os portões da Pena nos acolhem:

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Neuschwanstein, segunda parte

Imagem em Wikimedia Commons

Como esta fotografia demonstra, em Neuschwanstein os automóveis não estacionam debaixo do dossel da cama de Luís II da Baviera. Como sabemos, na Pena a ideia é, senão utilizar a mesa da sala de jantar para este efeito, encontrar lugares tão próximos quanto possível e apenas ligeiramente menos chocantes: por exemplo, porque não abrir uns espaços nas tapadas públicas envolventes e pôr uns milhares automóveis a cruzar a Serra até lá? Haverá porventura alguma solução melhor?

Talvez haja. Por exemplo, será que em Neuschwanstein, como na Pena, se conduz até ao alto da montanha do palácio e lá se larga o carro? Grande surpresa: não, os automóveis particulares não podem subir a Neuschwanstein. São obrigados a ficar no sopé, a cerca de dois quilómetros da entrada (a distância do Ramalhão à Pena são mil e oitocentos metros). Os parques de estacionamento distam entre cem e quinhentos metros de uma paragem onde um autocarro os transporta até perto do topo. Aí chegados, há mais seiscentos metros até à entrada. Alternativas? Carruagem puxada a cavalos (6,00 ida, 3,00 volta) ou subida a pé, em estrada onde apenas circulam as carruagens e os peões. Como em Sintra, há duas estradas que conduzem aos portões do palácio, mas numa delas não é necessário aspirar vapores petrolíferos (é verdade que em Sintra há um caminho parcialmente pedonal, via Castelo, mas demasiado violento para ser de utilização generalizada). E apesar de todas estas terríveis dificuldades de acesso, Neuschwanstein arrecada 1,3 milhões de visitantes por ano!

Querida Câmara Municipal de Sintra, querida Parques de Sintra – Monte da Lua: embirramos com as pessoas que se apequenam e babam constantemente com o que se faz e como se faz “lá fora” – gostamos de “cá dentro”, evitamos cócoras e cultivamos um certo amor próprio luso-local. Mas por esta vez, no que à mobilidade e circulação na Vila e na Serra diz respeito, por favor: façam como “lá fora”.

sábado, 23 de maio de 2009

Estacionamento na Serra: os planos da Parques de Sintra


Agora que os parques públicos de Sintra têm uma gestão com vontade, qualificação e meios para agir, estávamos à espera de que algo acontecesse à circulação automóvel e ao estacionamento que congestionam a Estrada e a Calçada da Pena (na mesma proporção em que aumenta a popularidade turística e as receitas que aqui são geradas). Estávamos à espera que o trânsito particular fosse restringido – não, estávamos à espera que fosse suprimido! – e que as subidas ao Palácio ou ao Castelo se fizessem a pé ou em transporte público decente – não na carreira irregular que transporta gente como gado apinhado, onde a Scotturb extorque descaradamente os visitantes. Pois bem, parece que vai acontecer precisamente o contrário.

Há cerca de um mês, falando de obras recentes que por aqui decorrem, referimos que junto à Calçada da Pena, na Tapada do Inhaca, foram feitas aberturas no muro, cortada toda a vegetação rasteira e coberto o solo com madeira triturada. Pedimos um esclarecimento à Parques de Sintra, que nos ofereceu uma resposta explícita e detalhada, subscrita pelo presidente do seu conselho de administração, Prof. António Lamas, aqui transcrita na íntegra:

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«1) Como devem saber, um dos mais graves problemas no acesso ao Parque da Pena na época alta, deve-se a não haver suficientes lugares de estacionamento para os automobilistas que, sem o saberem, entram na Calçada da Pena e, depois, não tendo lugar, param o carro ao longo das margens, impedindo a passagem de outros veículos, em especial os de transporte de passageiros. Estes bloqueios, que ocorrem com exagerada frequência, exigem a remoção dos veículos mal estacionados mediante a vinda de carros de reboque de São Pedro, em marcha-atrás, o que chega a demorar horas. No Verão passado, em articulação com a GNR, colocámos, em todas as curvas e estreitamentos da Calçada da Pena, pedras de grande dimensão e vedações em madeira para reduzir estes acidentes, mas isso diminuiu muito a capacidade de estacionamento a caminho dos Mouros e Pena.

2) Para resolver este problema sem estudos aprofundados sobre a acessibilidade a Sintra e à serra, que só de uma forma integrada e com a colaboração da autarquia serão possíveis, a solução encontrada consiste na colocação de detectores da passagem de veículos ao longo da Calçada da Pena, em secções apropriadas, e de painéis informativos que indiquem a existência, ou não, de lugares de estacionamento, e onde. Complementarmente, é necessário alargar o número de lugares de estacionamento e criar um parque alternativo para onde possam ser desviados os veículos que, à chegada à entrada da Calçada, não tenham, ao longo desta, estacionamento disponível. Este parque será colocado na Tapada do Mouco na fronteira com o Parque da Pena.

3) Para alargamento da capacidade de estacionamento na Calçada da Pena, a zona em frente à Casa da Lapa foi limpa e coberta com estilha das limpezas florestais em curso. Foram também realizadas duas aberturas no muro, que serão dotadas de portões: uma para entrada e outra, mais abaixo, para saída. É uma zona quase plana, que permitirá estacionar, entre as árvores a preservar (à parte de algumas infestantes, nenhuma árvore a preservar foi removida), cerca de 60 veículos.

4) O sistema de controlo do estacionamento na Calçada da Pena, descrito em 2, exige também que, se não houver lugares ao longo da Calçada (incluindo nos parques de estacionamento existentes e no novo) os automobilistas sejam avisados à entrada, sugerindo-se que usem um parque de estacionamento fora. Para isso seleccionámos uma zona da Tapada do Mouco perto do Parque da Pena, com entrada por portão sobre a EN247-3, a partir do qual será disponibilizado transporte até à entrada do Castelo dos Mouros ou do Parque da Pena. Este estacionamento, do mesmo tipo do descrito em 3., servirá também para apoio às visitas às obras do Chalet da Condessa (marcadas), que abrirão brevemente.»

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Percebemos a intenção da Parques de Sintra: é necessário garantir o acesso dos visitantes aos parques em condições aceitáveis e fazer alguma coisa face aos engarrafamentos e ao estacionamento caótico, e a solução foi a que se pode encontrar dentro das competências da empresa e não mais. Mas não podíamos estar mais em desacordo com ela. Achamos que vai encorajar a deslocação automóvel à Serra. Achamos que a Estrada e a Calçada vão-se tornar, ainda mais, vias para-urbanas de circulação intensa. Achamos que a congestão vai ser alargada à Estrada dos Capuchos e à Tapada do Mouco. Achamos, aliás, que vai ser alargada à Vila Velha e a São Pedro. Achamos que as deslocações a pé vão ser dificultadas. Achamos que as Tapadas não foram integradas no património público para serem desbastadas e receberem parques de estacionamento. Achamos que tudo isto contraria as opções estratégicas do Plano de Gestão da Paisagem Cultural de Sintra. Pior, achamos que contraria o carácter e a personalidade intrínsecos deste extremo oriental de Serra. Achamos que a expectativa de uma solução integrada de mobilidade em Sintra vai ser diminuída por esta má meia-solução. Achamos que a Parques de Sintra está em posição privilegiada para pressionar a letárgica Câmara Municipal a encontrar a solução integrada que admite ser necessária e achamos que devia fazê-lo – porque se esta é a melhor solução possível para a Parques de Sintra, é uma péssima solução para Sintra.

(Sobre este assunto, ver as notícias de ontem no Público e de hoje no Alagablogue)