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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Faia sobre Cisne




A melhor das sombras que cai sobre o lago superior do Parque da Pena é a desta faia. O cisne residente aproximou-se com interesse do vulto que o espreitava debaixo da folhagem mas, à falta de tributo apetitoso, virou as costas. A admiração só por si aborrece-o.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Lagoa Azul: a visão da cascata


Que bela é a Lagoa Azul – referimo-nos, claro, à da Serra de Sintra, não à de Champagne Bay, na República de Vanuatu, que, à mistura com pedaços da Jamaica e das Ilhas Fiji, serviu de cenário ao filme The Blue Lagoon, de 1980, e que, para o mal ou para o bem, atormentou a puberdade e adolescência de muitos de nós. A bela Lagoa Azul de Sintra não tem nem a Brooke Shields nem o Christopher Atkins – embora raros sejam os dias que não tragam até às suas margens candidatos à perpetuação da sua memória e legado, dispostos, para isso, a realizarem verdadeiros castings on location.

Mas a bela Lagoa Azul de Sintra tem agora uma espécie de cascata, trazida pelas chuvas quase intermináveis deste Inverno. Para a ver em todo o seu esplendor é necessário descer um caminho íngreme e escorregadio que, barranco abaixo e lado a lado com a estrada, leva-nos até à base do paredão que segura e retém até ao limite as águas que escorrem da serra. Aí, vários metros abaixo da superfície da lagoa, das suas margens densamente arborizadas, dos seus nevoeiros e da família de patos que tranquilamente vive a sua condição de estrelas oficiais deste cenário quase paradisíaco – e que muito têm visto ao longo das suas vidas – podemos reforçar a nossa quase crença de termos penetrado num outro território e viajado para uma outra latitude.



segunda-feira, 27 de julho de 2009

A tília do lago, o nome Cascais e os dois aventureiros


No Lago de Cascais há uma tília apaixonada por si própria. Dia após dia, debruçada sobre o espelho de água, admira as suas folhas em forma de coração, o amarelar progressivo e a queda de outono, a ramagem negra e nua de inverno e o despontar dos novos rebentos na primavera, sem nunca se cansar. A tília é um dos maiores motivos da beleza do Lago de Cascais, igual, senão superior, ao banco-tanque sob a tuia ou à própria concha de água com o seu tapete verde traiçoeiro e o som da bica que corre.


Já o nome do lago sempre nos pareceu um pouco insatisfatório. “Cascais” evoca sol, salsugem e um passeio tépido de verão, tudo o que o solitário lago não é. Diz o neto da Condessa d’Edla que esse nome «recorda como andava associada nos hábitos da família real, para o passadio do verão, a umbrosa Sintra com aquela velha e soalheira terra de pescadores. De facto, era costume, anos passados, dos tempos de D. Carlos e D. Amélia, que o dia do aniversário do casamento real marcasse a transferência da corte, da Pena para a Cidadela» (p. 165 da Monografia). Parece fraca justificação para um nome dos primórdios da acção de D. Fernando, muitos anos antes de quaisquer romagens reais à vila balnear – veja-se a propósito de tudo isto o que diz o Parque da Pena.

Pode haver outra razão. O lago situa-se na exacta linha de cumeada da Serra. A nascente eleva-se uma centena de metros a Cruz Alta, de onde escorre a água que o alimenta. Mas para norte e para sul caem as encostas em direcção a Sintra (pelo Vale dos Lagos) e Cascais (pela Lagoa Azul). E embora hoje a arborização limite o horizonte e encerre o lago (muito menos que até há poucos meses, antes dos desbastes), não é difícil imaginar que em meados do século XIX, quando a Serra era ainda um monte calvo, seria talvez possível desfrutar daqui de uma vista alargada, com Cascais e a sua baía alinhadas no meridiano. É a vista magnífica que se continua a ter de outros picos mais desimpedidos e de troços da encosta sul. O “Lago de Cascais” seria, assim, o “Lago de Onde se Avista Cascais”, distinto de todos os outros do Parque, que se aninham do lado de Sintra e da nortada.

Surpreendente, num lago tão remoto e despovoado, foi a visão de dois aventureiros intrépidos, vindos de um lugar desconhecido – as paragens habitadas mais próximas são longínquas – assomados do lado da Cruz Alta e desaparecidos do lado do Alto do Chá, totalmente indiferentes aos humanos pasmados que os seguiram com o olhar.