quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um Belo Céu Desperdiçado


Um dos argumentos usados para defender rolagens e podas radicais é o do conflito entre as copas das árvores e as infra-estruturas de electricidade ou telecomunicações. De facto, o conflito por vezes existe. E, apesar de não termos ouvido este argumento a propósito da recente devastação de tílias e plátanos em Sintra (aliás, não se ouviu argumento algum excepto o deplorável “é assim que fazemos todos os anos” – verdadeiro argumento de inimputável!), ele podia ter sido utilizado. É que algumas das ruas arborizadas que nesta Primavera foram vandalizadas pelas nossas autoridades locais estão pejadas de infra-estruturas aéreas.

Fios de electricidade e telefone pendurados no ar é coisa do mundo rural ou de cidades do terceiro mundo. Nos aglomerados urbanos deste lado do mundo costumam ser subterrâneos e, mesmo em Sintra – na Vila Velha ou na Portela, por exemplo – já se adoptaram essas soluções tecnologicamente sofisticadas. Será exagerado esperar que, numa vila europeia classificada como Património Mundial, se consigam fazer desaparecer de vista esses emaranhados aéreos e os postes pindéricos em que se enrodilham (como parece exagerado esperar que se cumpram os compromissos de bem cuidar da arborização pública e privada que se assumiu perante a UNESCO)?

Portanto, fica aqui mais uma sugestão ingénua à Câmara Municipal de Sintra: por favor, para além de não destruírem o património vegetal que resta nas nossas ruas (e, já agora, plantarem uma arvorezita aqui e ali, de vez em quando), ficaríamos também muito felizes se abrissem umas valas e enterrassem esses tristes cabos.

4 comentários:

  1. Uma boa ideia para nova intervenção do "Conversa Fiada".
    ereis

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  2. Quantas e quantas vezes estes fiozinhos inestéticos já me estragaram belíssimas fotos. Na altura, parece que, inebriados pela paisagem, nem damos por eles; fotos na mão,antes, agora nos ecrãs, e não se vê mais nada. Só falta começarem a fazer caretas e dizer: Uuuu,mamãe, estou aqui!

    Um dia dediquei-me a tentar perceber, se pelo menos tinham lógica...e nem isso. Apenas se percebe onde chegam, àqueles paus secos horrendos; de onde vêm, às vezes é claro, outras, um mistério.

    Em suma:onde é que eu assino? ;))

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  3. Parece que transportam as nossas conversas e luz para as nossas lâmpadas (ou seja, parece que têm alguma utilidade), mas são mesmo capazes de nos estragar as vistas. E há sítios onde não se percebe porque não passam debaixo de terra. Os paus secos, quando não são postes de betão, não são melhores. Têm tendência para ser abandonados na paisagem mesmo depois de terem deixado de ser necessários. Somos um povo um pouco desleixado com a sua paisagem, não?

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