domingo, 21 de junho de 2009

O maior carvalho


É chegada a altura de assinalar a mais distinta árvore da Tapada [dos Bichos] e só tenho pena que não esteja em pleno Parque da Pena em sítio bem visível e em posição conspícua. Trata-se de um magnífico roble que fica muito perto da dita cancela, uns 42 m acima e quase sobre o muro. Está lamentavelmente oculto, quanto ao belo fuste, por árvores menores que o cercam (...). Mede: DAP 0,90 m e altura pelos 28 m; a projecção da copa (um pouco prejudicada) deve ir aos 15 m de diâmetro. Ora o [diâmetro do] melhor carvalho do Parque da Pena (...) é inferior ao deste. Estamos em presença de um caso raro e, como o aspecto vegetativo é razoável, esperemos que, de secular que é já com certeza, mantenha ainda a distinta árvore uma longa existência.

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Esta é uma descrição de há meio século, escrita por Mário de Azevedo Gomes na sua Monografia do Parque da Pena (p. 313). A «dita cancela» de que fala é a que da Estrada da Pena dá acesso ao parque de estacionamento frente ao Portão dos Lagos. É assim muito fácil encontrar este carvalho, com o seu antipático enquadramento junto a uma casa de banho improvisada.

Decidimos medi-lo e descobrimos com emoção quanto cresceu nestes 50 anos: o diâmetro de 0,90 m saltou para 1,35 m, a altura situa-se agora nos 30 m e a projecção da copa, antes limitada a 15 m, alargou-se para 25 m.

É decerto o maior carvalho das Tapadas. Sabe-se que o Quercus robur é uma árvore da Europa temperada que tem em Portugal o seu limite meridional, e que no nosso país se fica pelo norte litoral mais chuvoso, concedendo-nos como especial favor a sua descida até Sintra. Podemos fantasiar que é o maior e mais poderoso entre os que se aventuraram até mais longe, dominando a fronteira sul do seu território. Não há dúvida que parece conseguir suportar nos seus ramos o próprio Palácio da Pena.


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