Afirmar que se adora Sintra acrescentando que em Sintra se adoraria viver não fosse pelo clima é uma declaração de amor disparatada – como adorar leite-creme não fosse o açúcar queimado, ou adorar ir ao cinema não fosse ter medo do escuro. Não é maneira de se adorar cinema, nem leite-creme, nem Sintra. No entanto, sintrenses que contactem habitualmente com não-sintrenses sabem da semi-ignorância a respeito deste clima em que até os nossos vizinhos próximos vagueiam.
Que sintrense não ouviu já, num dia de frio intenso de inverno, um lisboeta-central tiritante procurar consolá-lo do enregelamento radical em que imagina que nós passamos os nossos invernos? E que sintrense não conhece o olhar desconfiado com que lhe ripostam, quando garantimos que no tempo mais frio não há grandes diferenças entre os termómetros de lá e cá? E depois, o olhar incrédulo-invejoso de quando afirmamos que tardes sufocantes de 36 graus no Chiado são geralmente (como hoje) tardes amenas de 27 ao cruzar o Ramalhão e descer de Chão de Meninos?
Sim, o nosso pacote de verão inclui ar atlântico em quase permanência e nuvens recorrentes sobre a Serra, aí humedecendo as tardes. Com o inverno suave e a chuva anual – essa sim, bem acima da caída em volta do estuário – permite-se que viva e prospere a nossa fabulosa vegetação. Junto a uma primavera que não gosta de se apressar e a um outono que não gosta de se atrasar, admitimos que não é clima para todos os gostos. Mas não há maneira de conceber uma Sintra que se possa amar separada do seu clima particular.
Que sintrense não ouviu já, num dia de frio intenso de inverno, um lisboeta-central tiritante procurar consolá-lo do enregelamento radical em que imagina que nós passamos os nossos invernos? E que sintrense não conhece o olhar desconfiado com que lhe ripostam, quando garantimos que no tempo mais frio não há grandes diferenças entre os termómetros de lá e cá? E depois, o olhar incrédulo-invejoso de quando afirmamos que tardes sufocantes de 36 graus no Chiado são geralmente (como hoje) tardes amenas de 27 ao cruzar o Ramalhão e descer de Chão de Meninos?
Sim, o nosso pacote de verão inclui ar atlântico em quase permanência e nuvens recorrentes sobre a Serra, aí humedecendo as tardes. Com o inverno suave e a chuva anual – essa sim, bem acima da caída em volta do estuário – permite-se que viva e prospere a nossa fabulosa vegetação. Junto a uma primavera que não gosta de se apressar e a um outono que não gosta de se atrasar, admitimos que não é clima para todos os gostos. Mas não há maneira de conceber uma Sintra que se possa amar separada do seu clima particular.
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