terça-feira, 7 de julho de 2009

Pena versus Neuschwanstein: contabilizando duas visitas

Imagem em Wikimedia Commons

Como a Pena, Neuschwanstein é um palácio-castelo de grande efeito, construído num lugar alto por meados do século XIX, que atrai um enorme número de turistas (1,3 milhões no ano passado, com picos de 6000 em dias de ponta). Ao contrario da Pena, Neuschwanstein situa-se numa das regiões mais abastadas da União Europeia e, há cerca de dois anos, o Serra de Sintra comparou o custo das visitas, tendo verificado que a menor riqueza portuguesa estava longe de corresponder a preços de entrada mais baixos. Decidimos actualizar a comparação com um caso exemplo (escolhido totalmente ao acaso).

O programa
Num belo sábado de verão, num recanto da Baviera e na nossa linda terra portuguesa, duas magníficas famílias pretendem subir de autocarro as suas respectivas montanhas, fazer uma visita guiada aos seus palácios e, em agradável passeio de fim de tarde, descer as suas montanhas a pé. Constituem ambas as famílias: três adultos de 66, 41 e 44 anos e três jovens de 17, 15 e 13 anos.

Os preços
Em Neuschwanstein paga-se 1,80 por pessoa pela subida (se também se quisesse descer – o que não é o caso – pagar-se-ia 2,60).
Na Pena paga-se 4,50 por pessoa (é indiferente que só se suba ou que se suba e desça).

Em Neuschwanstein a visita guiada custa 9,00 aos adultos menores de 65 anos, 8,00 aos maiores e é gratuita para os menores de 18.
Na Pena é mais complicado. A visita não guiada custa 11,00 aos adultos menores de 65 anos, 9,00 aos maiores e os mesmos 9,00 aos menores de 18 anos que sejam maiores de 5. Há um bilhete de família, mais vantajoso, de 30,00 para quatro pessoas (dois adultos e dois menores de 18). Em qualquer caso, pagam-se 5,00 suplementares por cada visita guiada.

A remediada família bávara, em Neuschwanstein, paga pelo programa 36,80
A afluente família portuguesa, na Pena, paga, pelo mesmo programa, o triplo: 105,00

Conclusão
Os bávaros sobem a montanha, visitam o palácio, descem a montanha e regressam a casa após um sábado bem passado.

Os portugueses vão tentar reduzir a despesa começando por abdicar da educativa visita guiada (menos 30,00, ou seja, reduzindo o custo para 75,00), o que fará com que mantenham a ideia de que o palácio foi construído por um milionário estrangeiro excêntrico ou para a rodagem de uma superprodução clássica de Hollywood. Decidem ainda cortar a subida de autocarro (menos 27,00, ou seja, pagando 48,00 pela visita simples e sem viagem, ainda assim uns desmoralizantes 30% mais que os bávaros pelo programa completo). Lançam-se então na subida a pé. E como, a meio da caminhada, o adulto de 66 anos é acometido por uma crise severa e persistente de palpitações, e como são uma família muito unida (valha-lhes isso) resolvem todos eles abdicar do palácio, voltar a descer, engrossar a fila para os travesseiros da Piriquita e esbanjar o orçamento em combinações felizes de açúcar, farinha, manteiga e ovos.

Conselho final muito pessoal: experimentem umas broas do Gregório (saco de meio quilo por 4,60), mais eficazes ainda a diluir as frustrações de sábados falhados.

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