A fotografia da esquerda foi tirada na Primavera, para ilustrar a decadência da arborização pública de Sintra: um alinhamento que em tempos fora de oito lódãos estava reduzido a cinco. Marcados no chão estavam os vestígios dos exemplares erradicados e nunca substituídos, enquanto a árvore morta em primeiro plano aguardava em silêncio que a levassem dali. Seis meses passados, o novo retrato à direita mostra que os cinco lódãos se tornaram agora apenas três. Receamos que rapidamente estes três se tornem nenhum e que esta rua passe a depender apenas das plantações privadas atrás dos muros em volta para não se tornar inóspita.
O verde mágico de Sintra deve muito à casas e quintas particulares que o cultivam, mas o espaço público, em particular os seus arruamentos arborizados, também são responsáveis por uma parte importante deste seu carácter. É evidente, no entanto, uma degradação progressiva que se exibe quer nas podas violentas (que referimos aqui, aqui ou aqui), quer nas mortes prematuras a que os maus tratos conduzem, quer na pura eliminação seguida de calcetamento rápido, ao jeito de encobrimento das provas de um crime. Os observadores atentos podem contar muitos casos de árvores desaparecidas e muito poucos de árvores de novo plantadas nas ruas desta vila.
Vejam-se estas duas imagens, da Rua D. João de Castro:
O verde mágico de Sintra deve muito à casas e quintas particulares que o cultivam, mas o espaço público, em particular os seus arruamentos arborizados, também são responsáveis por uma parte importante deste seu carácter. É evidente, no entanto, uma degradação progressiva que se exibe quer nas podas violentas (que referimos aqui, aqui ou aqui), quer nas mortes prematuras a que os maus tratos conduzem, quer na pura eliminação seguida de calcetamento rápido, ao jeito de encobrimento das provas de um crime. Os observadores atentos podem contar muitos casos de árvores desaparecidas e muito poucos de árvores de novo plantadas nas ruas desta vila.
Vejam-se estas duas imagens, da Rua D. João de Castro:
Nesta troço da rua em tempos arborizado alguém decidiu que os plátanos não devem ter copas, que as suas raízes devem ser amorosamente agasalhadas sob cimento e alcatrão e que nos céus devem reinar, em vez de ramos e folhas, fios eléctricos e telefónicos (ao centro, compondo a vista, um choupo privado decepado já pela segunda vez este ano). Que o fundo verde da fotografia não nos iluda: caso a atitude presente em primeiro plano se propague, rapidamente toda a encosta se assemelhará a um desses bairros calvos de moradias que cresceram ilegalmente à volta de Lisboa, aqui apenas com arquitectura mais sofisticada.
Porém, se nos deslocarmos alguns metros nesta rua para norte, ainda podemos deixar-nos consolar pelas últimas folhas das tílias que aqui a ladeiam. São sobreviventes de antigas mutilações severas que, nos últimos anos, têm sido misericordiosamente deixadas em paz. Suspiramos por uma rua assim ao longo de toda a sua extensão e por muitas ruas como esta onde hoje apenas há asfalto com calçada e cotos de árvores cortadas.
Porém, se nos deslocarmos alguns metros nesta rua para norte, ainda podemos deixar-nos consolar pelas últimas folhas das tílias que aqui a ladeiam. São sobreviventes de antigas mutilações severas que, nos últimos anos, têm sido misericordiosamente deixadas em paz. Suspiramos por uma rua assim ao longo de toda a sua extensão e por muitas ruas como esta onde hoje apenas há asfalto com calçada e cotos de árvores cortadas.
Numa paisagem como a vila de Sintra é doloroso testemunhar atrocidades destas. Parece que uma espécie de sarna vai abrindo peladas que deixam à vista chagas de vários tipos: jardins e ruas despidos de vegetação, cepos que foram árvores.
ResponderEliminarA defesa para atenuar o choque será colar firmemente os olhos ao chão. Mesmo aí há o alcatrão em volta das árvores; mas, junto ao plátano, vêem-se romper umas ervas a que a nossa ignorância chama daninhas. Qualquer dia só vai sobrar isso.
Na Rua D. João de Castro de há uns 30 anos para cá desapareceram já 20 e tal arvores, muitas delas cortadas por particulares.
ResponderEliminarAs 5 ou 6 tílias que caíram com o temporal há mais de 30 anos da Rua Francisco dos Santos (a rua junto desta) foram substítuidas por uns pezitos de qq coisa que nunca pegaram... desaparecendo.
Nesta mesma rua foram tmb já executados uns 3 ou 4 plátanos ...
Tudo isto em 2 ruas que se completam é demais ! Ou não será?
São
Paulo Araújo: Sintra tem, paradoxalmente, esta reputação (justa) de ser um lugar luxuriante de magníficos parques e jardins públicos e privados mas, ao mesmo tempo, um longo historial de governação local frágil, quando não desleixada ou incompetente, e o caso da arborização é disso exemplo. Doloroso, é a palavra certa!
ResponderEliminarSão: obrigado pelo historial que nos dá destas ruas. Apesar de tudo, não tínhamos consciência de que o panorama era tão desolador. O papel de particulares no corte de árvores não nos espanta: não é decerto por acaso que cortes ou podas radicais acontecem em frente de umas propriedades e não em frente de outras, em qualquer das ruas que refere. Mas era de exigir um outro papel à nossa câmara municipal, não era? Aqui e em todos os espaços públicos desta vila.
Concordo em absoluto. As ruas – densamente - arborizadas são parte integrante da essência de Sintra. É necessário inverter a dendroclastia reinante.
ResponderEliminarE é uma guerra difícil, não é? Esperamos que, a bem de Sintra (e a bem do nosso país), opiniões como as que partilhamos se propaguem cada vez mais!
ResponderEliminarHoje "atacaram" no Lg. 1º de Dezembro.
ResponderEliminarVamos lá espreitar...
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