A propósito deste amanhecer soalheiro de Outubro na encosta da Tapada do Castelo, o segundo dos quatro poemas de Cristina Campo com o nome “Outubro”:
*
Agora que voltada está a clepsidra
e o futuro, este sol ardente,
já me bate nas costas, com os pássaros
tornarei sem dor
a Bellosguardo: lá pousei a garganta
sobre verdes guilhotinas de cancelos
de um rosa eterno
vibravam as mãos, vazias de flores.
Oscilante entre o fogos dos olivais,
brilhava Outubro antigo, um amor novo.
Emudecida, afiava o coração
na navalha das águias impensáveis
(já próximas, já nossas, já distantes):
aéreos sepulcros, túmulos de neve
do meu amanhã pueril, do sol.
Cristina Campo
Trad. José Tolentino Mendonça
Agora que voltada está a clepsidra
e o futuro, este sol ardente,
já me bate nas costas, com os pássaros
tornarei sem dor
a Bellosguardo: lá pousei a garganta
sobre verdes guilhotinas de cancelos
de um rosa eterno
vibravam as mãos, vazias de flores.
Oscilante entre o fogos dos olivais,
brilhava Outubro antigo, um amor novo.
Emudecida, afiava o coração
na navalha das águias impensáveis
(já próximas, já nossas, já distantes):
aéreos sepulcros, túmulos de neve
do meu amanhã pueril, do sol.
Cristina Campo
Trad. José Tolentino Mendonça
isto hoje está o mais invernoso possível: só falta o frio (vade retro!). Mas que belas imagens vocês aqui têm e que belíssimos poemas repescaram, a cheirar a castanhas assadas e a dourar o olhar.
ResponderEliminarQuerida Io: é verdade, estas são fotografias da passada semana ainda quente e ensolarada. E a Cristina Campo é realmente muito outonal, com o cheiro a castanhas assadas de que falas (mas sem o conforto).
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