
No fim do inverno passado, quando descíamos a devastada Estrada dos Capuchos, passando junto da entrada do Chalet da Condessa, deparámos com o novo portão luzidio aberto e decidimos entrar. Na parede do novo edifício aí construído estava, e continua a estar, um painel que identifica, em grandes manchas sobre uma planta, os limites das obras que já decorrem ou que se preparam (clique e amplie):

Fomos interpelados por um senhor que educadamente nos informou que aquela parte do parque estava fechada e que não podíamos estar ali. No entanto, porque do nosso lado havia óbvia curiosidade sobre o que se estava a passar e porque do outro lado havia um grande vontade de mostrar o que se passava, tivemos uma curta visita guiada ao novo edifício e à envolvente do Chalet, com uma descrição entusiasta do que já estava feito e do que faltava fazer, desde detalhes do processo de recuperação de materiais e técnicas construtivas até aos resultados da recuperação das redes de canalização que alimentam os lagos daquela parte do Parque. Tratava-se, fomos sabendo, do arquitecto responsável pela reconstrução do Chalet, que tinha acabado de conduzir a visita dos responsáveis pelas petrocoroas norueguesas que pagam, numa parte que não deve ser pequena, esta obra complexa. Disponível (estava-se bem dentro da hora de almoço) e desinteressado, oferecia-nos agora uma segunda visita.
A reconstrução de edifícios e infra-estruturas parece ser, talvez, a parte mais unanimemente bem sucedida da actuação da Parques de Sintra, ainda que o prazo avançado pelo arquitecto para a conclusão do Chalet (ainda este ano) não pareça fácil concretizar a quem hoje, em Julho, observe o estado da obra: a casca envolta em andaimes não parece muito diferente do que era há quatro meses. Em todo o caso, estamos à espera de resultados para aplaudir:

O abandonado jardim à volta não parece ter ainda sofrido alterações de vulto, para alem dos cortes que, em qualquer caso, não lhe melhoraram o aspecto. Ao longo de todo, ou grande parte, do perímetro identificado como “área de intervenção” no painel de cima, está a ser construída uma vedação que promete manter toda esta área isolada durante muito tempo. Entretanto, o recato deste local desapareceu com os cortes que arrasaram a Estrada dos Capuchos. O muro da Tapada e a desolação envolvente ficam logo em frente:

Uma palavra para o novo edifício frente à ruína do antigo, como uma grande
roulotte high-tech sem rodas, a que com pompa foi chamado
Centro Cultural do Chalet da Condessa e que, julgávamos nós, seria provisório, apenas para apoio das obras e da sua divulgação. Talvez tenha grande utilidade, talvez seja o mais discreto e menos intrusivo que poderia ser, mas o melhor que dele podemos dizer é que seriamos mais felizes se não existisse:

Enfim, no seu estado actual, a melhor imagem que se recolhe neste recanto ocidental da Tapada da Pena obtém-se do alto das “Pedras do Chalet” para nascente, olhando para bem longe do estaleiro: