domingo, 25 de outubro de 2009

Poemas com “Outubro” (III)


Após a Rua das Murtas, subindo pela Rua Eduardo Van Zeller, está esta pedra e esta data gravada junto ao chão, três anos antes do ano de nascimento de Cristina Campo, e aqui está este terceiro poema contendo o nome “Outubro”:

*

CANÇÃOZINHA INTERROMPIDA


Debaixo do primeiro Outubro
a maré de folhas
à angélica noite
retinha o pé

Não vistas caíam
(lá tudo era furtivo),
lenta soletrava runas
ao plenilúnio uma figueira.

Desfiava do teu sonho
um gato suas cabalas,
varanda incomparável,
doce Fim do Mundo.

Só a veemente
minha hora lacerava
sobre o cancelo as rosas...
E derrubada uma estátua

talvez mordia – ao turbilhão
daquele voo – o Outono,
travesseiro de musgo
...


Cristina Campo
Trad. José Tolentino Mendonça

5 comentários:

  1. lindíssimo poema, lindíssima foto, lindíssima correlação: ah este Outubro quase a finar-se.

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  2. ...mas a finar-se morno, a fazer-se passar por Setembro. Esta noite vamos dar mais por ele, quando for noite às seis da tarde.

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  3. Já foi mesmo noite às seis da tarde, que eu bem vi...e não gostei. No mais, subscrevo o comentário da Io, i-n-t-e-g-r-a-l-m-e-n-t-e.

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  4. Pois nós por este lado estamos divididos entre quem detesta o anoitecer cedo e quem acha que melhor que noite às seis só mesmo noite às cinco.

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  5. Vós sois impagáveis! ;-)

    beijinhos

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