sábado, 31 de outubro de 2009

Poemas com “Outubro” (IIII)


Com flores despertadas num baldio pela chuva de Outubro e com o último dia de Outubro fecham-se os poemas com Outubro no nome:


*

VERÃO INDIANO


Outubro, flor do meu perigo –
primavera derramada pelos rios.

Ora me é indiferente até à morte
– o acero tem o voo quebrado, os fogos trazem tanto fumo –
ora o terror de existirem me afronta
radioso, como o astro vermelho.

Tudo é já sabido, a maré prevista
e porém tudo se obscurece e aclara
com fresca desesperação, com extraordinário
firmeza...

A luz entre duas chuvadas, sobre a ponta
do rio que me trespassa entre corpo
e alma, é uma luz da noite
– a noite que não verei –
clara nas selvas.


Cristina Campo
Trad. José Tolentino Mendonça

2 comentários:

  1. Enquanto as malfadadas Mobys não desinsuflam, deliciemo-nos com estes Outubros - este mesmo no finalzinho do dito, não é? :)

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  2. É verdade, antuérpia. Um par de horas mais e lá tinha que se deixar este "Verão Indiano" para 2010. As Mobys, infelizmente, continuam de boa saúde.

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